Sangue, urina, fezes e amônia na água costumam atrair o ataque do candiru. Saiba quais os cuidados
A Amazônia é muito conhecida por suas estórias populares, causos e mitos. Que vão desde a existência da cobra-grande, a sucuri dos rios da Amazônia, passando pelo boto cor-de-rosa até o candiru, que é um peixe minúsculo que pode entrar na uretra ou reto, durante o urinar ou defecar da pessoa na água. Mas felizmente, até hoje, poucos casos foram registrados.
Sobre essas “lendas”, conversamos com o professor da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) e especialista em ecologia dos peixes amazônicos, Edinbergh Caldas de Oliveira.
Segundo ele, “o candiru vem de uma família que tem muitas espécies. Mais de 280 espécies em cerca de 40 gêneros, muitos conhecidos como parasitas, e medem de 5 a 12 centímetros”.
Sobre esses acidentes com o peixe minúsculo, ele garante que eles são bem raros.
“Em um levantamento que nós fizemos de 1990 a 2010, foram encontrados só 2 casos que passaram por atendimento cirúrgico. Um caso entrou realmente na uretra de uma pessoa que entrou sem roupa na água e a pessoa estava provalmente alcoolizada. O outro caso foi de uma garota de 14 anos, que mestruou provavelmente no rio e o sangue os atrai também, e ela acabou tendo de retirar os ovários”
conta Edinbergh, que explica ainda a diferença entre os dois tipos desse peixe que ataca.
No papo, o professor ensina mais como se prevenir. “Para serem evitados esses acidentes, a pessoa tem que estar, no mínimo, usando roupas adequadas de banho. Se você entra sem roupa, você facilita. Também é bom evitar nadar no rio se tiver alguma ferida, por menor que seja, ou em áreas que despejem alguma comida, porque atrai os parasitas”, orienta.
Candiru e candiru-açu
Embora façam parte da mesma família, Trichomycteridae, da ordem dos Suliformes, e frequentemente sejam confundidas, Edinbergh explica que as duas espécies de candiru tem características distintas.
O candiru (Vandellia cirrhosa) é muito pequeno, é um peixinho parasita que mede até 10 centímetros, hematófago e costuma se alocar nas guelras de peixes maiores.
Já o candiru-açu (Catopsis caecutiens) é maior, podendo chegar a até 40 centímetros, e se alimenta, principalmente, de peixes mortos.