Comuns em território brasileiro, incluindo a Amazônia, as cobras corais falsas e verdadeiras confundem predadores por serem parecidas.
Quando observamos cobras, seja por foto ou até mesmo pessoalmente, a primeira dúvida que vem à cabeça é se ela é venenosa (possui peçonha) ou não. No senso comum, tende-se a achar que quanto mais vibrante e colorida for a cor de uma cobra, mais venenosa ela é. Em geral, esse pensamento pode ser considerado correto, porém existe uma espécie que utiliza desse mecanismo para confundir predadores e garantir sua sobrevivência.
É o que acontece entre a coral-verdadeira (Micrurus lemniscatus) e a falsa-coral (Erythrolamprus aesculapii). Ambas são comuns no território brasileiro, inclusive na Amazônia, e extremamente parecidas fisicamente.
Por isso, o Portal Amazônia buscou ajuda para explica a diferença entre ambas. Confira:
Coral-verdadeira
Em relação à inoculação do veneno, o biólogo e ecologista Igor Yuri Fernandes relata que está associado ao tipo de dentição da mesma:
“As cobras-corais-verdadeiras pertencem à família Elapidae, que é a mesma família das najas e de algumas cobras marinhas. Elas tem um tipo de dentição que a gente chama de proteróglifa, ou seja dentes que parecem uma agulha hipodérmica e eles conseguem inocular o veneno. São na parte frontal da boca e são bem pequenos”,
explica Igor Fernandes.
Falsas-corais são peçonhentas, afinal?
Dentre as mais de 52 espécies de cobras consideradas não peçonhentas no Brasil, estão as falsas-corais. Elas apresentam o mesmo padrão de cor das corais verdadeiras, com algumas exceções, e podem achatar o corpo e enrodilhar a cauda, o que também é feita pelas corais.
Encontrada em grande parte do território brasileiro, inclusive na Amazônia, alguns pesquisadores afirmam que a falsa-coral possui uma glândula de veneno, apesar de serem consideradas não peçonhentas. Contudo, por essa glândula estar na parte de trás da boca, muitas vezes o veneno não é inoculado em uma picada e não causam tantos problemas quanto a picada de uma coral verdadeira.
“As falsas-corais têm uma glândula que não é propriamente de veneno, alguns autores classificam como glândula de veneno, outros não, que é a glândula de duvernoy. Ela produz o veneno mas se localiza na parte posterior da boca. Na hora que as falsas corais que possuem esse tipo de dentição mordem, a mordida pode ser superficial, só com os dentes da frente e ela acaba não inoculando esse veneno”,
esclarece Igor.
Em resumo, a proximidade na aparência das duas não é por acaso. Com o intuito de confundir possíveis predadores com a ideia de ser mais perigosa, a falsa coral chega a imitar a verdadeira, o que ajuda na sua sobrevivência na selva.
Acidentes com cobras
Em casos de mordidas por ambas espécies, o recomendado é se dirigir rapidamente ao hospital ou postos de atendimento. No caso da coral-verdadeira, o estado de saúde deve ser considerado grave. Já com a falsa-coral, a pessoa deve tomar uma dose do soro específico proporcional à gravidade do acidente.