Unemat traduz Declaração Universal dos Direitos Humanos para língua Xavante

A Unemat espera que por meio desta tradução os povos e línguas indígenas possam ganhar visibilidade  

A Universidade do Estado de Mato Grosso acaba de lançar a tradução para a língua Xavante da Declaração Universal dos Direitos Humanos. A obra foi publicada pela Editora Unemat em formato E-book e está disponível para download gratuitamente por meio do site da Unemat.

O livro é resultado do projeto “Tradução/versão documental em Xavante: Declaração Universal dos Direitos Humanos”, coordenado pelo professor da Unemat Wellington Pedrosa Quintino e os acadêmicos Tiago Tserewatawe Tsitedzé e Vinícius Sidiwê Supretaprã Xavante, que são vinculados a Faculdade Indígena Intercultural (Faindi), do Câmpus Universitário de Barra do Bugres.

Foto: Divulgação/Feministas de quinta

O Projeto de Tradução/versão é uma das ações previstas pela Política de Línguas da Faculdade Intercultural, que consiste na versão, para as línguas indígenas, de textos legais que abordam direitos humanos, linguísticos, justiça e educação da humanidade, incluindo os direitos dos povos indígenas e assenta-se em três eixos: a consciência fonológica, a tradução de textos oficiais e a cooficialização das línguas indígenas faladas nos diferentes municípios de Mato Grosso.

A Unemat espera que por meio desta versão em Xavante da ‘Declaração Universal dos Direitos Humanos’, da Unesco, assim como sua tradução na maioria das línguas naturais, possa fortalecer, dar visibilidade e tirar do silenciamento os povos e as línguas indígenas faladas em Mato Grosso, em especial, os Xavante.

Na apresentação da obra, a diretora da Faindi, professora Mônica Cidele da Cruz, explica como se deu o trabalho de pesquisa e execução para que o texto da Unesco fosse traduzido para a língua Xavante. “Para a execução do projeto, pautamo-nos nos pressupostos da interculturalidade, articulada com os fundamentos de Paulo Freire da dialogicidade e da construção de uma pedagogia da comunicação. Do ponto de vista metodológico, esta produção foi realizada em três etapas, a saber: na primeira etapa, foram realizados encontros entre a equipe colaboradora (todos os alunos Xavante da Faindi) e o propositor do projeto, professor Wellington Quintino, na terra indígena Marãiwatsédé, quando ocorreu também a seleção dos colaboradores Xavante, por Terra Indígena, que se encontram em formação na Unemat, Tiago Tserewatawe e Vinicius Supretaprã; a segunda etapa aconteceu durante o período de estudos presenciais, momento em que os textos foram lidos em português, construindo-se paráfrases com a finalidade de produzir compreensões (da mesma forma ou de maneira aproximada) dos entendimentos do mundo/ palavra Xavante. Ainda, nesta etapa, ocorreram encontros nas Terras Indígenas/aldeias com os anciãos para discussões e reorganizações, trabalho que ficou sob a responsabilidade dos acadêmicos Xavante dos cursos de Pedagogia Intercultural e da Licenciatura Intercultural; a terceira etapa foi o momento em que se deu, propriamente, o resultado final da tradução/versão do texto oficial realizada em Cáceres com os colaboradores selecionados em Marãiwatsédé, Tiago e Vinicius, nossos principais consultores nativos”, explica.

Além de possibilitar que o povo Xavante tenha acesso a esse texto universal, o projeto “Tradução/versão documental em Xavante: Declaração Universal dos Direitos Humanos” articula-se com a Faculdade Indígena Intercultural, por produzir reflexões sobre os direitos humanos que também são fundamentais para os indígenas que fazem parte, principalmente, do contexto educacional do Estado de Mato Grosso, bem como, também subsidiar encaminhamentos dentro das aldeias no que se refere à educação intercultural, diferenciada e específica. 

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