Doze peixes-bois da Amazônia, espécie que está na lista de animais ameaçados de extinção, foram devolvidos à natureza neste fim de semana na Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) Piagaçu-Purus (a 173 km de Manaus). A ação faz parte do Programa de Reintrodução de Peixes-bois do Projeto Mamíferos Aquáticos da Amazônia, realizado em parceria com o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTIC).
A atividade de Reintrodução, que já devolveu aos rios da região amazônica mais de 30 animais que foram vítimas da caça ilegal, é executada pela Associação Amigos do Peixe-boi (Ampa), que atua há 18 anos na conservação dos mamíferos aquáticos da Amazônia.
Segundo a coordenadora do Projeto, a pesquisadora do Inpa, Vera da Silva, a devolução dos animais é uma das etapas mais importantes para o Projeto. “A reintrodução dos peixes-bois para a natureza nos mostra que conseguimos concluir com os objetivos de resgatar, reabilitar e devolver esses animais, que estão ameaçados de extinção, à natureza”, explica.
O responsável pelo Programa de Reintrodução, Diogo de Souza, enfatiza o fundamental apoio da comunidade nessa etapa. “Sem o apoio da comunidade a gente não faria nada. Eles são de extrema importância para o sucesso do Projeto. São eles que fazem o monitoramento por telemetria dos peixes-bois que recebem o cinto com o transmissor e conseguem coletar dados que ajudam na pesquisa para conservação”, diz o biólogo lembrando que são ex-caçadores de peixes-bois que realizam, atualmente, o monitoramento dos animais.
A Reintrodução de peixes-bois da Amazônia recebe o apoio do Projeto Museu na Floresta, Universidade de Kyoto, do Aquário de São Paulo e da Secretária de Estado de Meio Ambiente (Semas).
“Peixe-boi sem nome não tem graça”
Um dos 12 peixes-bois escolhidos para voltar para casa ainda não tinha nome, o número #183, como era chamado pela equipe do Projeto, ganhou um nome indígena durante a campanha “Peixe-boi sem nome não tem graça”. O nome escolhido foi “Iberaba” que significa “o brilho da água”.
A atividade de Educação Ambiental foi realizada na Escola Municipal Bom Jardim na comunidade do Cuianã, local próximo ao que os animais foram soltos. Para a educadora ambiental do Projeto Mamíferos Aquáticos da Amazônia, Jamylle de Souza, a ação fortalece o protagonismo dos comunitários em relação às responsabilidades de manter o ambiente aquático saudável e também para alertar sobre a importância da espécie para os ecossistemas aquáticos.
“As ações educativas, especialmente com gestores, docentes e outros atores locais, motivam os jovens e crianças a atuarem em prol da conservação, principalmente dos peixes-bois que possuíam um forte histórico de caça localmente”, comenta a bióloga, completando que quando os jovens se sentem valorizados e acabam se envolvendo mais nas atividades.
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