Lançado em maio de 1921, o perfume revolucionou a história da perfumaria mundial, com sua fragância vinda a partir da extração do óleo essencial da árvore
Você sabia que uma simples pergunta transformou o mundo da perfumaria no início da década de 20? Uma das maiores artistas, Marilyn Monroe ao ser questionada em uma entrevista, o que ela usava ao se preparar para dormir, respondeu da seguinte forma:
“O que você usa para dormir?”, “cinco gotas de Chanel Nº5”, confidenciou Marilyn Monroe.
Considerado a fragância que “cheira a mulher”, o perfume Chanel nº 5, foi lançado no dia 5 de maio de 1921, pela estilista francesa Gabrielle Chanel.
A estilista quis “fugir” da tradição naturalista e floral do século XIX e conceber esta fragrância com o “cheiro de mulher”, como um vestido de alta costura.
“Um perfume artificial, artificial como um vestido, isto é, manufaturado. Sou artesã de costura. Não quero rosas nem lírio do vale, quero um perfume composto“, afirma.
Seu principal ingrediente é o óleo extraído da madeira do pau-rosa, uma árvore nativa da Amazônia. Estimativas indicam que cerca de 500 mil árvores dessa espécie já foram abatidas desde o início da exploração do pau-rosa, o que levou o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) a incluí-lo na lista das espécies em perigo de extinção em abril de 1992. Para preservar a madeira, e garantir o fornecimento da matéria-prima para a indústria perfumista, o professor Lauro Barata, do Laboratório de Química de Produtos Naturais da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), começou a desenvolver em 1998 um projeto de extração do óleo essencial das folhas que resultou em rendimento e qualidade semelhantes aos obtidos da madeira. “Aprendi que o óleo poderia ser tirado das folhas em trabalhos publicados pelo professor Otto Gottlieb”,
Saiba mais: Pau-rosa: o fixador de perfume da floresta amazônica
O Nº5 cheira a identidade da marca, Chanel, por conta do seu aroma atípico devido à presença significativa de moléculas sintéticas, os aldeídos, que aportam frescura às notas florais e possuem o seu caráter “abstrato”.
A simplicidade do frasco, pouco modificado ao longo das décadas, rompeu com as apresentações ostentosas da época.
Durante um anúncio para a imprensa americana em 1937, Chanel decidiu encarnar ela mesma o Nº 5.
Junto com sua fotografia, um texto dizia: “Gabrielle Chanel é acima de tudo uma artista da vida. Seus vestidos, seus perfumes são criados com um instinto dramático perfeito. O Nº 5 é como a música suave que realça uma cena de amor. Liberta a imaginação e deixa um rastro indelével na memória dos atores”.
Nas décadas seguintes, filmes e atrizes ajudaram a perpetuar sua aura lendária e hoje continua sendo um dos perfumes mais vendidos do mundo.
Uma imagem de Marilyn Monroe perfumando o decote com Nº5 foi usada em 2013 para um anúncio da fragrância, que também teve como embaixadoras Catherine Deneuve, Nicole Kidman e Gisele Bündchen.
Recentemente, a produção sustentável do plantio da árvore de Pau Rosa vêm se tornando uma alternativa para impulsionar a economia do estado do Amazonas e utilizar como fonte de renda para os pequenos produtores. Técnicos do Instituto de Desenvolvimento Agropecuária e Florestal Sustentável do Amazonas (IDAM), fizeram uma visita no dia 9 de junho a uma agroindústria localizada no município de Itacoatiara com o objetivo de avaliar o progresso para a produção de óleos essenciais e firmar uma parceria para viabilizar o plantio da espécie e movimentar a economia.
Uma destilaria localizada na Fazenda Simpatia, no quilômetro 235,5 da estrada AM-010, a aproximadamente 40 minutos de Itacoatiara, a 176 km de Manaus, pode ser um novo caminho para incentivar a produção de pau-rosa no Brasil. A usina inicialmente fará a extração de óleos essenciais de pau-rosa, louro rosa, capim santo e priprioca, realizado a partir de um sistema de manejo sustentável. Aproximadamente R$ 4 milhões foram investidos na construção da usina, que possui 3 mil m², além de R$ 2 milhões no plantio, em uma área de 17 hectares.