Resistência Indígena e a Ciência: 4 questões atuais dos povos originários

O Museu Goeldi reuniu sugestões de conteúdos sobre temas que precisam de visibilidade.

O Dia Nacional de Luta dos Povos Indígenas é uma data para lembrar da resistência dos povos indígenas brasileiros em defesa de seus territórios e de sua dignidade. Celebrado no Brasil no mês de fevereiro, foi estabelecido pela lei Nº 11.696/2008 com o objetivo de celebrar a resistência do líder indígena Sepé Tiaraju, morto em 7 de fevereiro de 1756, em conflito entre os índios Guarani e o exército binacional, português e espanhol, no atual Estado do Rio Grande do Sul.

Atualmente, são muitas as demandas por direitos dos povos indígenas brasileiros, moradores da floresta, do campo e das cidades. Os resultados de atividades criminosas no território Yanomami em Roraima, que recentemente têm recebido maior evidência, são apenas um dentre vários casos em que os direitos básicos das populações indígenas são desrespeitados e a violência é parte de seu cotidiano.

Foto: Reprodução/Cimi

Apenas este ano a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (FUNAI) veio a ter, pela primeira vez, uma mulher indígena, Joenia Wapichana, como presidente. Em 2023, também pela primeira vez na história, o Estado brasileiro passou a ter um Ministério dos Povos Indígenas, tendo como ministra Sônia Guajajara.

Na Amazônia, o Museu Goeldi tem uma atuação centenária junto a diversas populações indígenas, com pesquisas em diferentes áreas do conhecimento, notadamente nas Ciências Humanas, sendo referência em Linguística Indígena, Arqueologia e Antropologia. Os pesquisadores indígenas também estão presentes na instituição, atuando na curadoria de coleções e exposições, e com pesquisas em nível de mestrado e doutorado.

Em alusão a data, o Museu Goeldi reuniu quatro conteúdos que mostram como interesse coletivo a garantia dos direitos das populações indígenas. A ciência registra realidades, demandas e atua na promoção da construção de conhecimentos mais plurais sobre os ecossistemas e sociedades amazônicas. 

1. Nota sobre a Predação das Terras Indígenas e o PL191/2020

O corpo técnico-científico do Museu Paraense Emílio Goeldi emitiu nota manifestando posição contrária ao Projeto de Lei (PL) 191/2020, que tramitava em regime de urgência na Câmara dos Deputados em 2022, com grave ameaça a existência de povos, línguas e culturas ao degradar e poluir o ambiente, alterar modos de viver, restringir o acesso aos recursos naturais que estão na base de seu processo produtivo.

2. Garimpo ilegal e o avanço da prática na Terra Indígena Kayapó

Estudo apresentado no XXX Seminário do Programa de Iniciação Científica (PIBIC) do Museu Goeldi analisa os impactos da atividade garimpeira nesta Terra Indígena localizada no sudeste do Pará, e que já tem 7.602 hectares de área minerada.

3. E-book “Desafiando Leviatãs: experiências indígenas com o desenvolvimento, o reconhecimento e os Estados”

A publicação do Museu Goeldi reúne 13 artigos de cientistas sociais indígenas e não indígenas, que abordam a temática em cinco países do continente. A obra é de acesso gratuito e permite ao leitor transitar entre Antropologia, Sociologia, Ciência Política e Direito, oferecendo um conhecimento robusto, construído de forma colaborativa.

4. Pesquisadores Indígenas do Museu Goeldi

A série de vídeos para redes sociais aborda o trabalho de três pesquisadores indígenas do Programa e Pós-graduação em Diversidade Sociocultural na Amazônia do Museu Goeldi: o biólogo Fabrício Gatagon Suruí, a antropóloga Josiane Guilherme Ticuna, e a educadora Vera Arapiun.

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