Professora do Pará recria contos e lendas da Amazônia em vídeos de animação

 
Histórias, lendas e contos de uma comunidade quilombola no município de Barcarena, no nordeste do Pará, foram transformados em vídeos de animação no Trabalho de Conclusão de Curso da professora Maria do Carmo Freitas, concluinte do curso de Licenciatura em Artes Visuais da Universidade Federal do Pará (UFPA), por meio do Plano Nacional de Formação de Professores (Parfor).

A família de Maria do Carmo é oriunda da comunidade quilombola Gibrié de São Lourenço, na zona rural de Barcarena, onde ela atua como professora da Educação Básica. Maria do Carmo conta que sempre teve a intenção de trabalhar com a história e a cultura da comunidade.

“Estas narrativas, estas contações de histórias que meu povo tem fazem parte da minha vida e do meu repertório histórico e cultural, porque era uma cultura nossa sentar ao redor da fogueira, enquanto os mais velhos contavam histórias à noite”, diz a professora.

Assista ao vídeo sobre a lenda da Matinta Pereira:

 

Produção

Após mapear as histórias entre os habitantes mais velhos da comunidade, a professora Maria do Carmo optou por reproduzir os contos de visagem por meio de narrativas gráficas. A ideia de transformar os contos em vídeos de animação veio após entrar em contato com a técnica de stop-motion durante as aulas da disciplina Laboratório de Animação, ministradas pelo professor Márcio Lins de Carvalho.

“Sempre procurei aliar o que aprendia dentro da Universidade com a minha prática pedagógica dentro de sala de aula. Fui ressignificando minha prática à medida que eu ia absorvendo os conhecimentos. Decidi contar essas histórias e convidar minha turma para fazer esses vídeos”, conta Maria do Carmo.

Para produzir as animações, formou uma equipe de cinco alunos, que participaram com ela da coleta das histórias, da elaboração dos roteiros, dos storyboards e dos cenários das animações, além de captarem todas as fotografias que compõem os vídeos animados em stop-motion.
 

Foto: Divulgação/UFPA
Pedro Lucas, de 11 anos, foi um dos alunos que mais se empenharam na produção dos vídeos e chegou a instalar aplicativos de stop-motion no telefone celular da mãe para produzir vídeos caseiros. “É importante que muita gente fique sabendo das histórias. Se os idosos que contavam essas histórias não contarem mais, elas vão morrer”, diz o aluno.

Comunidade

Os vídeos de animação representam cenas que fizeram parte da vida de moradores da comunidade, como a história da “Matinta Pereira que assustava a Tia Carlota”, moradora mais velha da comunidade. Ela garante que a Matinta Pereira ainda transita à noite pela região, assoviando pelas estradas de terra do quilombo.

Após produzir os primeiros vídeos, a professora Maria do Carmo deu sequência ao projeto, e mais alunos puderam participar. Atualmente, o canal da professora no YouTube conta com oito vídeos produzidos em parceria com os alunos.
 

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