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A obra aborda o que se chama, na literatura, paradoxo da abundância, uma vez que trata sobre a abundância de recursos naturais da Região Amazônica, como minerais e outros serviços ecossistêmicos, com destaque para a sua biodiversidade, mas como isso não se traduz em desenvolvimento econômico dos municípios da região ou em melhoria das condições de vida para a população residente.
A lógica deste processo está conectada com as atividades econômicas promotoras do desmatamento na região, seja pela disputa, seja pelo uso e pela ocupação da terra, pela concentração de renda relacionada com a exploração dessas atividades e, ainda, pelos elementos de natureza institucional, ligados à condução das políticas de promoção de desenvolvimento e ambientais, em geral, conflitantes.
Marcelo Bentes Diniz conta que o motivo da escolha da temática tem duas perspectivas. Primeiramente, acadêmica, sendo que um dos focos de estudo é a discussão do desenvolvimento econômico, que tem entre suas dimensões relevantes o Capital Natural.
“A literatura acadêmica que discute a relação entre formas de degradação ambiental – o que inclui depleção do Capital Natural, como o desmatamento – e pobreza (insuficiência de renda), não é conclusiva acerca da causalidade entre essas variáveis, seus canais de transmissão, entre outros.”
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A outra perspectiva tem caráter social. De acordo com Marcelo Diniz, é preciso entender quais os nexos existentes entre o desmatamento da região e a sua condição permanente de “armadilha da pobreza“, que mantém grande parte dos municípios e sua população com uma renda muito abaixo da média nacional e sem acesso a recursos de saúde, saneamento, educação, segurança, entre outros.
“Este, certamente, é um passo importante no direcionamento de políticas públicas que permitam conciliar a exploração sustentável dos recursos naturais da Amazônia, como vetores de crescimento, e desenvolvimento econômico para a maioria da população”, completa o professor.
O livro, ao contrário do que convencionalmente a literatura econômica aponta, sustenta que a pobreza não é um dos determinantes do desmatamento na Amazônia, mas faz parte do mesmo processo que mantém a maioria dos municípios e, ao mesmo tempo, sua população pobre.
Sobre o autor
Marcelo Bentes Diniz é formado em Economia pela UFPA, com mestrado em Teoria Econômica no Programa de Pós-Graduação em Economia (CAEN) da Universidade Federal do Ceará, na qual também obteve o doutorado, com concentração em Crescimento e Desenvolvimento Econômico Regional. Possui Pós-Doutorado no Center for Latin American Studies na University of Florida. Atualmente, é professor Associado da UFPA, com mais de vinte anos de experiência profissional como docente e pesquisador.