As piranhas são peixes de água doce que vivem em lagos e rios e, somente na Amazônia, existem cerca de 27 espécies catalogadas.
Uma cena do remake da novela Pantanal chamou a atenção das pessoas pela sua peculiaridade: o personagem Levi, interpretado pelo ator Leandro Lima, foi “devorado” por um cardume de piranhas ao cair no rio após ser baleado.
Assim como as sucuris e onças-pintadas, as piranhas também estão presentes no bioma Pantanal e possuem semelhança com a Amazônia. A cena da novela instigou as pessoas a perguntarem nas redes sociais se esse peixe é mesmo capaz de atacar ou até mesmo matar uma pessoa.
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Para responder a questão, o Portal Amazônia conversou com o professor doutor Esner Magalhães, professor do curso de Engenharia de Pesca na Universidade Federal do Amazonas (UFAM).
Somente na Amazônia, existem cerca de 27 espécies já descritas de piranhas, o que pode ser considerado um número alto. No caso do Pantanal, existem duas espécies endêmicas.
“As piranhas são peixes de água doce que vivem em lagos e rios, com ocorrência exclusiva na América do Sul. Do ponto de vista da alimentação na natureza, são animais carnívoros que se alimentam exclusivamente de peixes, crustáceos, moluscos, pedaços de nadadeiras, escamas, além de outras partes do corpo de suas presas, na maioria das vezes indefesas. Possuem natação rápida, na maioria das vezes, a depender da necessidade. Possuem olhos e narinas um pouco avantajadas, o que pode favorecê-la em alguns ambientes quanto a predação e caça de suas presas. A depender da espécie, formam cardumes e mudam a coloração de algumas partes do corpo, de acordo com a idade”, descreve o professor.
O que motiva um ataque
Mas a dúvida de muitos é: esse peixe pode, de fato, atacar uma pessoa? A resposta é “sim”, mas calma, não tem porquê se preocupar com essa possibilidade. Magalhães explica que os ataques não são frequentes e existem poucos relatos disseminados na mídia.
“No entanto, são animais que podem atacar sim, desde que estejam em ambientes desequilibrados, com baixa disponibilidade de alimento. Aqueles ataques no estilo Hollywood de ser, melhor deixar para as telas de cinema. Se estiverem num ambiente com baixa disponibilidade de alimento, em total desequilíbrio, elas podem atacar sim, uma vez que as ações antrópicas que levam a tais perturbações, assim como as variações do ciclo hidrológico, principalmente na seca dos rios e lagos, onde podem ter baixa disponibilidade de alimento, podem desencadear a ocorrência de eventos desta natureza”,
esclarece.
Ainda de acordo com Esner Magalhães, existem relatos de pesquisadores que foram atacados ou que presenciaram ataques. Eles afirmam, na maioria das vezes, que as pessoas atacadas estão quase paradas na água, flutuando por exemplo.
Ou seja, é possível as piranhas visualizem algo parado e se aproximem para conferir e, com isto, a depender do desequilíbrio existente em seu habitat, possam desferir os ataques.
“Um relato pessoal, que pude presenciar, foi quando trabalhei com o manejo de pirarucus em unidades de conservação do Amazonas, com ambientes extremamente preservados e conservados, onde, por vezes, vi grupos de crianças nadando em lagos, próximas a grupos de piranhas caju (Pygocentrus nattereri), sem sequer demonstrarem medo ou serem atacadas por elas. Ou seja, podemos concluir, já com relatos de outros colegas pesquisadores da área, que pessoas em constante movimento na água, dificilmente são atacadas por elas, sem desconsiderar, claro, o equilíbrio existente no ambiente natural”, alerta o professor.