Foram investidos ao todo R$ 4,8 milhões em 9 negócios de impacto, que atuam nas áreas de produção de alimentos, geração de energia, extrativismo sustentável, educação ambiental, logística de transporte fluvial e plataforma de comercialização: Na Floresta, Coex Carajás, Oka Sucos, Prátika Engenharia, Tucum Brasil, Academia Amazônia Ensina, NavegAM, Manioca e Onisafra.
O valor investido nos negócios é quatro vezes maior do que o investido na rodada de negócios promovida pela PPA em 2018, que contabilizou um total de R$ 1,1 milhão. Os investidores da rodada 2019 foram SITAWI, USAID, Conexsus, Fundo Vale, Instituto Humanize, FIIMP, Grupo Rede Amazônica e Althelia Funds, quase todos membros da PPA.
“A rodada superou totalmente nossas expectativas. Ficamos surpreendidos com o estágio de desenvolvimento dos negócios e com o quanto eles estão prontos para receber investimento e iniciar um processo de expansão”, avalia o coordenador executivo da PPA e diretor de novos negócios do Idesam, Mariano Cenamo. “Essa rodada foi um pouco diferente da que realizamos no ano passado, sobretudo porque muitos negócios ainda estavam em fase de modelagem do negócio e início de operações. Com esse novo grupo, um grande foco será desenvolver estratégias de mensuração e comunicação de impacto de seus negócios”, avalia.
Ted Gehr, diretor da USAID Brasil, destaca que “além do progresso real no número de inscritos e no volume de investimentos de um ano para o outro, fiquei muito impressionado com a qualidade das apresentações. Ficou claro que eles pensaram seriamente nos planos de negócios, e o entusiasmo que todos mostraram com seus produtos e serviços e com o desenvolvimento sustentável da Amazônia”.
Investidores apostam no futuro que começa agora
Antes de começarem as negociações, CEOs de empresas integrantes da PPA e investidores participaram de uma mesa sobre investimentos de impacto na Amazônia que destacou a inovação e a vanguarda desses negócios na mudança da chave de desenvolvimento econômico da Amazônia e a importância de ter mecanismos técnicos e financeiros para fomentar esse movimento.
Denis Minev, CEO da Bemol e integrante da PPA, avalia que o Programa de Aceleração e as rodadas de investimento já têm resultados em pouco tempo de atuação: “Muita gente fala sobre o tema da bioeconomia, que é um tema importantíssimo na Amazônia como um todo, mas vejo muita fala e pouca gente criando coisas que efetivamente vão melhorar as condições de vida na região utilizando a bioeconomia. E essa iniciativa da PPA já está mostrando que é possível construir empresas novas, mobilizar empresários bons e profundos, cientistas, empreendedores que realmente conhecem a Amazônia, para construir esse futuro mais próspero para cá”.
Márcia Côrtes, do Instituto Humanize, reforça também o potencial da bioeconomia no Brasil: “O Instituto Humanize resolveu participar da PPA porque acredita que esse potencial enorme de negócios está na Amazônia, e precisa de investimento e pesquisa para avançar. Esses empreendedores são pioneiros em promover negócios com propósito e impacto positivo. A PPA conseguiu identificar essa rede de empreendedores e de negócios sustentáveis que já acontecem na floresta, e esse é o futuro da questão ambiental. Essa tendência a ter negócios que deixam a floresta em pé, que restauram, de preservar com essa inteligência de gerar renda e também gerar prosperidade para as pessoas que vivem na floresta”.
Um dos investidores da rodada, o Fundo Vale, atua há dez anos na Amazônia apoiando projetos de desenvolvimento local por meio da filantropia, tem olhado com mais atenção para o ecossistema de negócios de impacto em expansão na floresta: “A gente aprendeu, nesse tempo todo, que não é possível transformar se não oferecemos novas possibilidades para a economia local, de mudança de mentalidade. E isso não conseguimos só com o modelo tradicional da filantropia. Agora estamos olhando mais para esse viés de negócios de impacto, e essa rodada de negócios superou nossas expectativas. Apoiamos hoje três negócios, mas vários outros, quando ganharem maturidade, volume de produção e serviços, têm grandes possibilidades de fazer conexões com trabalhos que o Fundo Vale vem fazendo, inclusive na área de restauração e preservação de florestas. Isso é só o início. Temos um potencial incrível pela frente se ajudarmos esses negócios a se desenvolverem”, avalia Márcia Soares, do Fundo Vale.
Investimento que faz a diferença
Para os negócios de impacto em fase inicial, muitas vezes é difícil encontrar investidores que trabalhem com tickets de valores menores, o que dificulta o acesso a recursos por parte dos negócios em fases iniciais, que precisam de aportes menores para rodar. Essa é também uma importante contribuição da PPA a essas startups, como aponta Andrea Resende, diretora e responsável pela área de investimento de impacto da SITAWI.
“A SITAWI tem um histórico de parceria com o PPA e outros projetos voltados para investimento de impacto e para o desenvolvimento sustentável na Amazônia. Apoiar o desenvolvimento de novos modelos de negócio sustentáveis na região é uma das nossas prioridades. Esse trabalho da PPA, de juntar diferentes tipos de investidores e capital para tornar possível o financiamento desses negócios, é fundamental, porque as empresas e negócios só se tornarão grandes se tiverem o primeiro, o segundo cheque. Estamos felizes em ampliar ainda mais a participação da SITAWI nesta nova rodada, com apoio técnico na seleção e avaliação dos negócios e como principais investidores”, avalia.
Participaram da rodada de negócios deste ano 8 das 15 startups selecionadas para o Programa de Aceleração da PPA 2020, além de duas outras que integraram o Programa em 2019: Na Floresta, Coex Carajás, Oka Sucos, Tucum, Academia Amazônia Ensina, NavegAM, Nossa Fruits, Manioca e Onisafra. Os investimentos em cada negócio variaram em acordo com suas necessidades e nível de estruturação.
Outros negócios selecionados para o Programa 2020 concorreram ao Prêmio Empreendedor PPA, também entregue durante a rodada de negócios, que premiou três deles com R$ 10 mil cada: Instituto Ouro Verde, Serras Guerreiras de Tapuruquara e Cacauway.
Artur Coimbra, proprietário da empresa Na Floresta, recebeu o maior ticket de investimento da rodada de negócios. O principal produto é o chocolate Na’kau, produzido desde 2017 com cacau amazônico comprado de comunidades ribeirinhas e agroextrativistas: “Já passamos por muita dificuldade e baixas para continuar existindo. Com esse recurso vamos trabalhar e trazer retorno para todo mundo que nos apoia e fazer ainda mais. Precisamos também desse programa de aceleração da PPA, pra gente se escutar e ter ajuda de outras pessoas pra lidarmos melhor com modelo de negócio, questões financeiras, números. Nos profissionalizar ainda mais. A Amazônia precisa disso, e nosso compromisso é atender as pessoas que estão aqui”, avalia.
Outra startup investida, a NavegAM, busca resolver um gargalo importante para os próprios negócios amazônicos: a logística de transporte fluvial. “Saímos com mais do que o dobro do que pedimos aos investidores. Vamos investir tudo em desenvolver as soluções voltadas à Amazônia, na busca de solucionar o gargalo que é, além do transporte de passageiros e do frete fluvial, a dificuldade de conseguir informação nesse setor”, avalia Geferson Oliveira, um dos integrantes do negócio.
Sobre o Programa de Aceleração e a PPA
O Programa de Aceleração é liderado por um grupo de empresas da PPA, coordenado pelo Idesam e conta com apoio estratégico e financeiro da USAID, CIAT, Instituto Humanize e Fundo Vale.
A Plataforma Parceiros pela Amazônia (PPA) é uma plataforma de ação coletiva, liderada pelo setor privado, que busca a construção de soluções inovadoras, tangíveis e práticas para o desenvolvimento sustentável, conservação da biodiversidade, florestas e recursos naturais da Amazônia. Atua por meio de quatro grupos temáticos (GTs): (1) Empreendedorismo, investimento de impacto e aceleração de negócios sustentáveis; (2) Oportunidades estratégicas de investimento, com base em incentivos fiscais e bioeconomia; (3) Fortalecimento de cadeias de valor Amazônicas e compras locais; (4) Fortalecimento de relações entre comunidades e empresas com base em gestão territorial integrada e Usos Socioambientais de Reservas Privadas.
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