Pesquisadores testam drones para monitorar ninhos de tartarugas em praias da Amazônia

Localizada às margens do Rio Solimões, no Amazonas, a praia do Horizonte é uma faixa de areia com atuais 9 quilômetros de extensão (o tamanho varia diariamente e anualmente com a variação no nível do rio). É um ponto de desova para centenas de quelônios, entre tartarugas-da-amazônia, iaçás e tracajás, e também foco de interesse de pesquisadores e ativistas, preocupados com a conservação dessas espécies. Pensando na proteção de áreas de reprodução como essa, o Instituto Mamirauá, a WWF-Brasil e a Universidade da Flórida estão testando drones para o trabalho de monitoramento.
 

Foto: Marina Secco/Instituto Mamirauá 

O objeto voador, que parece com um mini helicóptero, fez os primeiros sobrevoos na praia do Horizonte em setembro desse ano. Controlado de forma remota por um piloto integrante da pesquisa, o drone realizou percursos aéreos a diferentes altitudes, filmando e fotografando com uma câmera de alta definição o relevo da praia.

Leia também: Centenas de filhotes de tartarugas saem dos ninhos rumo às águas do rio Solimões

A ideia, de acordo com a pesquisadora Marina Secco, é identificar rastros de tartarugas na areia e, assim, chegar até os ninhos. Os voos-teste foram realizados na faixa de 11 às 14 horas, quando os raios do sol chegam à superfície da terra em ângulos mais próximos a 90 graus, facilitando ainda mais a visibilidade. Os melhores resultados foram gravados a 20 metros de altura em relação à praia.

Assista ao vídeo sobre o projeto:
 

“Conseguimos ver perfeitamente os rastros de tartarugas-da-amazônia na areia, que do alto parecem marcas feitas por um tratorzinho. As marcas da iaçá, que é um quelônio de menor porte, também foram nítidas”, contou.

Com o possível sucesso do experimento, os pesquisadores esperam usar drones para contagem de ninhos, segundo informou Marina, que faz parte do Programa de Pesquisa em Conservação e Manejo de Quelônios do Instituto Mamirauá, unidade de pesquisa do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC). 

Foto: Marina Secco/Instituto Mamirauá 

Os vídeos e as fotos captados na praia do Horizonte estão agora sob a análise de equipe da Universidade da Flórida, parceira do projeto. “A ideia é ver em que medida os pesquisadores de lá conseguem identificar os rastros de tartarugas e os ninhos nas imagens, qual a taxa de erro entre a contagem in loco (feita pelos pesquisadores do Instituto Mamirauá na praia) e a contagem feita por eles nas imagens”, explica Marina.

Os testes foram financiados pela Disney Conservation Fund, Rufford Foundation e tem apoio da WWF-Brasil. Depois da avaliação dos resultados, a expectativa dos integrantes do projeto é que os drones possam ser integrados a projetos de conservação na região amazônica.

Curiosidade: Cerca de 8% dos meteoritos que caíram no Brasil foram na Amazônia

Tecnologia a serviço da conservação

Desde a década de 1990, o instituto apoia ações de conservação de quelônios realizadas de forma voluntária por moradores da Reserva de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá, onde está a praia do Horizonte. A conservação comunitária de praias, que envolve a contagem e monitoramento de ninhos de tartaruga, está nesse rol e pode ser ampliada com o auxílio dos drones. 

Foto: Marina Secco/Instituto Mamirauá 

“Uma das vantagens da tecnologia é reduzir o tempo gasto no monitoramento de uma única praia e distribuir melhor os esforços para encontrar novas áreas de desova nessa região. Em pontos de difícil acesso, também podemos usar os drones para fazer a contagem remota de ninhos dos quelônios”, explica Marina Secco.

Acervo biológico: Inpa abriga umas das maiores coleções de formigas do Brasil

Além das metas diretamente ligadas à conservação, a pesquisadora aponta que os veículos aéreos não tripulados também podem ser úteis em estudos mais amplos sobre a ecologia de quelônios na Amazônia. A ferramenta tem potencial em levantamentos de altimetria (medição de altitudes) em pontos de desova nas praias.

*Com informações do Instituto Mamirauá.

Publicidade
Publicidade

Relacionadas:

Mais acessadas:

Xote, carimbó e lundu: ritmos regionais mantém força por meio de instituto no Pará

Iniciativa começou a partir da necessidade de trabalhar com os ritmos populares regionais, como o xote bragantino, retumbão, lundu e outros.

Leia também

Publicidade