O coordenador dos estudos, o professor Ben Hur Marimon Junior, da Universidade do Estado de Mato Grosso, explica que o trabalho teve início após inconsistências entre o mapeamento oficial e o que era observado em campo nos limites apresentados entre a Amazônia e o Cerrado.
“Sempre que a gente ia fazer levantamentos, ao Sul da Amazônia, trabalhando nas florestas, para acompanhar o estado de conservação das matas, a gente via que o mapa do IBGE, em muitos lugares, estava indicando cerrado e quando a gente chegava lá no campo, a gente percebia floresta. Ou era floresta de transição: Amazônia – Cerrado, ou eram Cerradões, que é um tipo de floresta de contato entre a Amazônia e o Cerrado”, disse o pesquisador.
O pesquisador ainda afirma que o Cerrado foi superestimado nos mapas oficiais. O bioma é menos protegido pela legislação, que a floresta amazônica. Ben Hur ressalta que a diferença identificada é em torno de 30% a 40% da linha da borda da floresta, que é a área de transição entre os biomas.
Para o pesquisador, a redefinição pode contribuir não só com a proteção da biodiversidade, mas também com a produção agrícola na região.
“A gente vai ter muito mais sucesso para impedir a área de degradação da Amazônia, onde tem muita queimada, desmatamento ilegal, chamando o produtor rural para ser parceiro nisso”, conta.
Já está em curso um segundo trabalho do grupo, que deve fazer o remapeamento de toda a área de transição que vai da divisa do Brasil com a Bolívia até o Maranhão.
De acordo com o IBGE, a Amazônia Legal brasileira tem uma extensão de aproximadamente 5 milhões km². E corresponde à área dos estados da Região Norte, acrescidos do estado de Mato Grosso e de municípios do oeste maranhense.