As grandes metrópoles do norte do país encontram-se em ambientes de contato direto com a fauna e flora do bioma amazônico
Segundo o Relatório Mundial das Cidades, publicado pela ONU em 2022, 68% da população global se tornará urbana até 2050. Essa estimativa é decorrente do avanço acelerado do processo de urbanização, o que remete a um dos maiores receios do século: a perda significativa da biodiversidade, consequência negativa direta dos processos ecológicos e serviços ecossistêmicos prestados a estas ações.
Em um recorte local, as grandes metrópoles do norte do país encontram-se em ambientes de contato direto com a fauna e flora do bioma amazônico, correspondendo a mais de 40% do território nacional. Nesse contexto, há a necessidade de estudos específicos voltados ao sistema natural e sociocultural da Amazônia, para melhor compreensão e gestão sustentável da região.
Sendo assim, a fim de suprir essa demanda, surge o projeto “O bom, o mau e o belo: a importância de insetos polinizadores e outros artrópodes para a manutenção da sustentabilidade dos espaços verdes de uma metrópole amazônica”, apoiado pela Fapespa, em parceria com o Museu Paraense Emílio Goeldi. O projeto, coordenado pela pesquisadora Marlúcia Bonifácio Martins, tem por objetivo identificar como o grau de urbanização de Belém pode afetar a biodiversidade da cidade, especificamente a existência de insetos artrópodes, como abelhas, formigas, cigarras, borboletas e outros que possuem importância significativa para a manutenção dos espaços verdes e para o equilíbrio da biodiversidade como um todo.
As primeiras atividades do projeto tiveram início recentemente. Em um primeiro momento, foi feito o mapeamento de pontos amostrais, para análise, no centro urbano de Belém. Além disso, houve entrevistas e conversas com moradores de diversos bairros da capital, bem como visitas a escolas, praças e áreas de distribuição ecológica. De acordo com a coordenadora, “essas atividades favorecem o envolvimento direto da população, proporcionando o diálogo sobre o tema, e despertam interesse, preocupação e atenção”, relata a coordenadora.
Por fim, percebeu-se que a cidade possui grandes espaços verdes, no entanto a distribuição espacial destes foi questionada.
A importância dos espaços verdes
Os espaços verdes abrigam inúmeros organismos que contribuem para a manutenção do ecossistema. Segundo a pesquisadora, “alguns desses organismos, que são decorrentes da biodiversidade, são percebidos de forma negativa pela sociedade, como as pragas, animais que provocam desconforto ou doenças”.
Um aspecto positivo da atividade desses seres é a polinização, realizada por abelhas, moscas, borboletas, mariposas, vespas, besouros, formigas e outros. A manutenção desses seres proporciona diversos benefícios à sociedade, desde a nutrição da população, com a produção frutífera, à reprodução arbórea e florística, que contribui para o conforto térmico, decorrente da arborização, e consequente bem-estar da sociedade.
No último mês de janeiro, o grupo de pesquisa entrou em campo novamente para realizar a segunda etapa de extração de dados e pretende entregar um conjunto de informações relevantes à sociedade e gestores, auxiliando na tomada de decisões ambientais nos centros urbanos do estado, a fim de contribuir para a melhoria da qualidade de vida da população e preservação dos ecossistemas locais.