Piranha. Foto: I, Luc Viatour/wikipedia – CC BY-SA 3.0
A riqueza da biodiversidade presente nos rios da Amazônia costuma encantar os olhares curiosos que se voltam à região. Em meio a beleza que existe sob as águas, no entanto, vivem espécies de peixes temidas pelos riscos que apresentam aos seres humanos.
Mordidas, ferroadas e até choque elétrico estão entre os riscos que algumas espécies da região podem causar aos humanos. Embora possam trazer consequências à saúde humana, o doutor em ecologia aquática Edinbergh Caldas de Oliveira explica que esses tipos de peixes não costumam atacar sem antes se sentirem ameaçados.
“É sempre importante a gente frisar e citar, sim, que não são ataques, são acidentes, porque geralmente ocorre com o homem entrando no habitat. É sempre bom procurar um atendimento especializado após os acidentes, alguns causam sequelas posteriores porque não houve um tratamento no momento do acidente, o que pode gerar uma infecção secundária”, explicou o professor.
O professor também recomenda que, em casos de acidentes, é importante buscar atendimento médico imediatamente para realizar o tratamento adequado.
O especialista listou dez peixes encontrados na Amazônia que representam risco de acidentes aos humanos. Confira:
Piranha
A piranha é um dos peixes que mais causam tensões aos humanos pelas histórias difundidas sobre a espécie – e que muitas vezes não passam de mitos.
“Os ataques com piranhas normalmente ocorrem quando o banhista se aproxima de um local onde tem um ninho desses animais”, diz Oliveira.
O especialista ainda ressalta que os ataques se limitam a uma ‘mordida de advertência’ que o peixe usa para afastar o invasor e que três espécies apresentam maior incidência nos rios amazônicos: piranha preta, piranha branca, e a piranha caju.
O professor também esclareceu alguns mitos. Um exemplo popular é de que cardumes de piranhas podem atacar seres humanos para se alimentar, porém não existe nenhuma comprovação científica do comportamento.
Arraia de água doce
As arraias são peixes que possuem um esqueleto constituído por cartilagem, assim como os tubarões, e podem habitar tanto em águas salgadas, como em água doce. O animal costuma ficar camuflado sob a areia.
Os acidentes com a espécie costumam ocorrer quando o ser humano pisa no animal, momento em que a arraia lança a sua cauda com ferrão e crava os espinhos no pé ou na perna da pessoa, liberando também uma toxina que causa bastante dor.
“É possível que permaneçam fragmentos do revestimento da cauda na lesão, aumentando o risco de infecção”, pontua o especialista.
Bagres
Lisos e pontiagudos, os bagres possuem diversas espécies encontradas em rios e lagos do Amazonas. Os acidentes geralmente acontecem no manuseio desses peixes, devido a presença de espinhos no corpo que podem perfurar a pele. “Há casos também de humanos que se feriram ao pisar no animal”, pontua o especialista.
Pirarucu
O pirarucu é uma das maiores espécies de peixes de água doce do mundo. Encontrados em toda bacia amazônica, esses gigantes podem alcançar até 4,5 metros de comprimento e pesar até 200 quilos. Devido ao tamanho, os acidentes podem acontecer no manuseio do animal: eles se debatem com muita força, podendo atingir uma pessoa gravemente.
O professor citou o caso de um pescador no munícipio de Maraã, interior do Amazonas, que morreu após o animal se debater e acertar a cabeça do homem, causando um traumatismo craniano.
Candiru
O candiru é uma da espécies de peixes que mais podem causar espanto aos banhistas dos rios do Amazônia. Eles podem ser divididos em candiru-açu necrófago, que se alimenta de material orgânico e faz a limpeza do ambiente aquático e o candiru-açu hematófago que pode entrar nas parte íntimas do ser humano e também se alimenta de carcaças de outros animais.
Um dos maiores mitos relacionados a espécie é a de que os candirus são atraídos pela urina humana. O grande perigo é de o peixe ser atraído pelo sangue humano, ainda assim, algo raro de acontecer segundo o especialista.
Traíra
A traíra é um peixe carnívoro que se alimenta de pequenos peixes, rãs e insetos. A espécie espera a presa imóvel, junto ao fundo de lama ou em locais de pedras na Amazônia.
“Os acidentes podem acontecer quando é feito o manuseio desse animal, que possui dentes afiados e grandes, e acabam mordendo caso a mão ou alguma parte do corpo seja aproximada da boca do peixe”, alerta Oliveira.
Baiacu amazônico
O Baiacu Amazônico é encontrando em várias regiões da Bacia Amazônica no Brasil, Peru e Equador. Possui comportamento pacífico e convive bem com outros da mesma espécie, porém, é um predador tóxico. “Ele possui uma toxina que pode prejudicar a saúde humana”, diz o especialista.
A toxina liberada pelo animal pode causar dormência no corpo, paralisação dos lábios e línguas, dor de cabeça, problemas gastrintestinais.
Poraquê
O poraquê é a maior espécie de peixe-elétrico existente e a mais comum na região amazônica. O peixe é o único que produz descargas elétricas fortes, que chegam a 500 volts, usadas para caça e defesa.
De acordo com o professor esse choque elétrico pode causar a tontura, fazendo o ser humano cair na água parcialmente inconsciente e se afogar.
Peixe sapo de água doce
O peixe sapo de água doce mede de 12 a 15 cm de comprimento e vive enterrado na areia ou na lama. A espécie é venenosa e possui espinhos ósseos na linha lateral e ao redor da cabeça que, uma vez pisado, pode causar ferimentos na planta dos pés.
Tubarão de cabeça chata
Por mais que seja um peixe de água salgada, a espécie de tubarão já foi encontrada em rios amazônicos, inclusive subindo o rio Amazonas e chegando até o Equador. “Uma espécie já foi capturada no município de Itacoatiara, interior do Amazonas”, afirma Oliveira.
A espécie pode atacar humanos e tem uma mordida muito potente. Além disso, podem causar um desequilíbrio ecológico no Amazonas.
*Por Lucas Macedo, da Rede Amazônica AM