Parque Nacional da Amazônia aposta no turismo sustentável; saiba como visitar

Criado em 1974, o Parque Nacional da Amazônia leva o nome do bioma que torna o Brasil líder em biodiversidade. Foi o 15º Parque Nacional a ser criado no país e o primeiro a ser criado no bioma amazônico. Também foi o primeiro a ser aberto para visitação e atualmente é o segundo que mais recebe visitantes. No ano passado, o parque nacional recebeu mais de 3 mil visitas e continua crescendo.

O Parque Nacional da Amazônia dispõe de oito trilhas e vários outros encantos que atraem turistas locais, que vem em busca de diversão com banhos nas praias dos rios; e de fora, como observadores de pássaros e esportes de aventura. Entretanto, de acordo com a responsável pelo uso público da Unidade Especial Avançada (UNA), que gere o parque, Lívia Haubert Ferreira Coelho, a UC ainda tem um potencial ainda maior para crescer. Nos últimos meses, a UNA tem passado por capacitações contínuas na área de uso público e já apresenta resultados.  

Foto:Divulgação/ICMBio

No mês passado, por exemplo, Lívia Haubert participou de uma visita técnica aos Estados Unidos. A comissão brasileira, que contava com representantes da Coordenação Geral de Uso Público (CGEUP), visitou parques e florestais nacionais americanas geridas pelo Serviço Florestal Americano e pelo Serviço Nacional de Parques. Lá, eles conheceram metodologias de contagem de visitantes e pretendem implementar uma adaptação à realidade das UCs brasileiras.

Chamada de Rol de Oportunidades de Visitação de Unidade de Conservação (ROVUC), a metodologia consiste em simplificar o plano de uso público das UCs. “O ROVUC será um instrumento mais para o planejamento que de diagnóstico levando em conta a dinamicidade das unidades e a continuidade da gestão”, avalia Lívia.

Também dentro do Projeto “Parceria para a Conservação da Amazônia”, no final de junho passado, a UNA sediou a segunda edição do curso de Planejamento de Uso Público. O curso foi realizado com participação de instrutores norte-americanos do Serviço Florestal dos Estados com experiências em áreas protegidas nos estados de Montana e Carolina do Sul. Dentre os conteúdos apresentados estão escala de planejamento, monitoramento dos planos, trabalho com as incertezas, como construir os planejamentos de maneira participativa e diversificação de visitantes, visando as oportunidades.

Com o curso, gestores de UCs puderam pensar criticamente sobre manejo e planejamento de diversos usos em áreas protegidas brasileiras, ficar atentos às possibilidades de diálogo para desenvolver competências e consequentemente maior confiança na tomada de decisões.

O Parque Nacional da Amazônia foi palco da parte prática do curso. “Com base nestas experiências, iniciamos o processo de revisão do plano de uso público da unidade”, conta Lívia.   

Foto: Divulgação/ICMBio

Potencial turístico

O Parque Nacional da Amazônia possui um grande potencial turístico. Suas corredeiras e praias de rios são bastante utilizadas pelo público local para atividades de lazer. Trilhas com cerca de 20 km de extensão e a relativa facilidade de observação da fauna local (o Parque Nacional possui mais de 10 espécies de primatas, alguns deles sob risco de extinção). O local também é procurado por peregrinos que rumam à Capelinha de São José da Mata, rota seguida pelos fieis há quase cinquenta anos.

O estímulo ao turismo sustentável de maneira ordenada fortalece a economia local, proporciona diversificação e promove autonomia financeira, especialmente para jovens que estão prestes a entrar no mercado de trabalho.

É o caso de Kennedy Alves de Oliveira, de 19 anos. Morador de Itaituba, ele fez parte da primeira turma do ensino médio técnico em Turismo da cidade. Logo depois, ele finalizou o curso de condutor de visitantes para atuar no Parque Nacional da Amazônia.

Agora Kennedy integra o projeto Motivação para o Sucesso de Gestão em Unidades de Conservação (MOSUC). “Este curso abriu portas para mim no mercado de trabalho que não possui muitas opções para os jovens”, diz. Kennedy conta que a capacitação como condutor o auxilia muito em sua formação como futuro biólogo, especialmente na área de ecoturismo, que domina o interesse do jovem.

Além das trilhas e observação de aves, Lívia conta também que as capacitações abriram horizontes novos para atividades para turistas. Uma delas é o boiacross, um esporte propício para ser realizado nas corredeiras do Rio Tapajós. Consiste num equipamento semelhante a uma câmara de pneu de caminhão onde o participante desce as corredeiras, munido, é claro, de material de proteção.

Os primeiros testes devem ser feitos no próximo mês junto à associação de turismo local com os comunitários. “O investimento inicial é de cerca de 400 reais, bem menor do que de outros esportes como o stand up paddle ou o rafting”, afirma Lívia. Durante o período de testes, será verificada a necessidade de outros investimentos e a viabilidade turística para esse esporte.  

Caverna Maroaga | Foto: Fabricio Ferreira Silva / Acervo Pessoal

As capacitações influenciaram no processo de tomada de decisões pela equipe responsável pelo uso público. “Atualmente conhecemos melhor o nosso visitante; sabemos que o observador de aves, por exemplo, costuma passar longos dias no Parque a fim de catalogar a maior diversidade possível de aves. Essas características nos fizeram perceber que precisávamos alterar a forma como fazíamos o monitoramento da visitação”, conta Lívia.

A unidade possui, atualmente 4 áreas de camping. O pernoite no parque é praticado por cerca de um terço dos visitantes, por isso, a UNA trabalha com afinco na estruturação do parque para receber os visitantes com maior comodidade.

Bases

Recentemente, foi finalizada a reforma de uma das duas bases da unidade, a base do Uruá, onde estão os atrativos mais procurados pelos visitantes. A habitação datava da década de setenta e passou por uma reforma profunda com troca dos pisos, do banheiro e do deque do mirante, danificado pelos cupins. A casa está mais arejada, recebeu uma cobertura de manta térmica, possui agora uma varanda com espaço para redes e está muito mais segura.

Em breve, a unidade vai ganhar quatro placas de painéis solares que devem substituir a energia elétrica atualmente vinda de um gerador, o que deve economizar recursos para os cofres públicos. Garantindo energia elétrica, água e melhorando a infraestrutura, Lívia acredita que a unidade vai proporcionar uma melhor experiência para servidores e pesquisadores que precisem utilizar as bases para pernoitar.

“A visitação é uma maneira positiva de integrar a comunidade com a gestão dos parques nacionais, pois podemos mostrar às pessoas a importância da participação delas no processo de gestão e preservação das UCs, como nos conselhos, nas concessões dentre outros processos”, conclui Lívia.  

Foto: Divulgação/ICMBio

Onde fica o Parque?

O Parque Nacional da Amazônia, Unidade de Conservação de Proteção Integral, foi criado em fevereiro de 1974, pelo Decreto n° 73.683, como parte do Programa de Integração Nacional (PIN), logo após a construção da Rodovia Transamazônica, BR-230.

Localiza-se no oeste do Pará, às margens do rio Tapajós, e faz parte do mosaico de Unidades de Conservação da BR-163. O parque é responsável pela proteção de inúmeras nascentes de contribuintes dos rios Tapajós e Amazonas, além de ser habitat de várias espécies ameaçadas de extinção, como a onça pintada, anta e arara juba, animais avistados com certa freqüência no interior da UC.

Há no interior da unidade infraestrutura básica para receber o turista. É possível fazer algumas trilhas sinalizadas no interior da floresta, onde se pode avistar inúmeras espécies de aves. No verão (agosto a dezembro), com a baixa do rio, formam-se os bancos de areia que, junto as águas claras do rio Tapajós, convidam-te para um banho. Do mirante se tem uma bela vista das corredeiras e pedreiras que se afloram no período de seca.

As pessoas que desejarem visitar o parque devem levar alimentação, pois existe a possibilidade de cozinhar, repelente de insetos, protetor solar, botas/tênis para caminhada, chapéu para sol e roupas adequadas. Não existe nenhum ponto de venda nas proximidades, devendo o visitante fazer suas compras nos supermercados em Itaituba. A água potável também é precária, portanto o visitante deve levar água mineral para beber. 

Foto: Divulgação/ICMBio

Como chegar?

Via Aérea: Para visitar o Parna da Amazônia deve-se tomar um avião até a cidade de Itaituba, que é atendida pela empresa aérea Azul.

Via Rodoviária: O acesso a Itaituba também é possível por meio da Rodovia Transamazônica, BR-230, que atravessa a cidade. De Santarém, pode-se tomar um ônibus ou ir de carro pela BR-163 até Rurópolis e no entroncamento seguir a BR-230 até Itaituba.

Via Fluvial: Optando-se pela via fluvial, pode-se ir de navio ou lancha, que saem diariamente da cidade de Santarém para Itaituba.

Acesso do município de Itaituba ao Parque Nacional da Amazônia: Partindo-se de Itaituba sentido Jacarecanga, pela Rodovia Transamazônica, chega-se à primeira base do parque, às margens do igarapé Tracoá, a aproximadamente 53 km do centro da cidade.

A segunda base, próxima ao igarapé Uruá, está a 12 km da primeira, também pela BR-230. Como a rodovia não é asfaltada, o acesso fica mais difícil nos meses chuvosos – de janeiro a maio. Chega-se à unidade também por via fluvial, pelo rio Tapajós, que oferece condições de navegabilidade durante todo o ano, mas deve-se escolher um piloto experiente, que conheça bem a região, devido a travessia das corredeiras, principalmente nos meses mais secos – de agosto a dezembro.

Onde se hospedar?

A cidade de Itaituba oferece uma rede hoteleira razoável, com diárias que variam de R$ 45,00 a R$ 150,00.

No parque existem dois alojamentos na base do Uruá. Um dos alojamentos dispõe de banheiro, cozinha com fogão, dois quartos com camas e redes. Nesse alojamento possui utensílios de cozinha que podem ser utilizados pelos visitantes. O outro alojamento dispõe somente de vão amplo, varanda e sanitário, devendo os visitantes dormirem em redes. O parque não possui energia elétrica, e conta apenas com motor e gerador, que é ligado por algumas horas do dia.

Também existe a possibilidade de acampar, embora não exista infraestrutura propícia para tal, com banheiros, lavanderia, mesas etc.

A base do Uruá também dispõe de um mirante com três sanitários, onde as pessoas também costumam dormir.

Ingressos

Atualmente não são cobrados ingressos aos visitantes, mas é necessário a retirada da Guia de Visitação na sede do ICMBio em Itaituba.

Mais informações pelo telefone (93) 3518-4519.
 

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