Nova espécie de sagui da Amazônia é encontrado no Mato Grosso. Confira:

A nova espécie tem em torno de 50 centímetros e sua pelagem é de cor prateada e pode ser encontrada no Arco do Desmatamento 

Batizado de Sagui-de-Schneider (Mico schneideri), os cientistas descobriram a nova espécie no estado do Mato Grosso, na região do Arco do Desmatamento. A descoberta foi liderada por Rodrigo Costa-Araújo, atualmente pesquisador do Museu Paraense Emílio Goeldi, e contou com a parceria de José de Sousa e Silva Jr, curador da Coleção de Mastozoologia do Goeldi. O artigo científico que apresenta o sagui-de-Schneider também é assinado por uma forte equipe de especialistas da Universidade Federal do Amazonas, Universidade Federal do Mato Grosso, Universidade Federal de Viçosa, Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá, Universidade Federal do Pará, University of Salford (GBR), Trinity University e Stony Brook Uniersity (EUA).

O nome homenageia o pesquisador brasileiro Horácio Schneider (1948-2018), geneticista da UFPA e pioneiro da filogenética molecular de primatas. A nova espécie é de pequeno porte, com cerca de 50 centímetros, sua pelagem apresenta cor prateada, com algumas partes em tons de aço, laranja e dourado, e pode ser encontrada somente na região da área mais desmatada da Amazônia. 

Foto: Reprodução

 Indivíduos da espécie do sagui-de-Schneider eram conhecidos por pesquisadores desde 1995, com exemplares coletados e conservados para fins científicos na Coleção de Mastozoologia do Museu Paraense Emílio Goeldi. Entretanto, os exemplares de 1995 foram identificados como pertencentes a outra espécie, o Mico emiliae. Os animais das duas espécies apresentam algumas características semelhantes, o que confundiu pesquisadores por décadas. Entretanto, outros indícios sugeriam que de fato poderiam ser espécies diferentes.

Com isso, foi necessário um grande esforço científico e cruzamento de diferentes dados. Ao longo de 4 anos, entre 2015 e 2018, Rodrigo viajou à região entre os rios Juruena e Teles Pires, no Mato Grosso, para encontrar indivíduos da espécie. Nessas viagens, foram percorridas trilhas a pé, se deslocaram por cursos d’água de barco, e até mesmo usando caixas de som para reproduzir gravações de uma outra espécie de sagui para estimular aproximação de saguis que estivessem por perto. Ao final, as informações coletadas foram revisadas e comparadas com dados de pesquisas anteriores. As novas informações incluíram desde registro e medição de características morfológicas (como cor da pelagem), até análises de DNA e registros de campo sobre a distribuição dos saguis.

Vista dorsal de peles de espécies de Mico testadas para diagnosticabilidade de caracteres morfológicos da cor da pelagem. Da esquerda para a direita: Mico schneideri sp. n. holotype (INPA 7293), M. rondoni (MPEG 45620), M. marcai (MPEG 42807), M. emiliae (MPEG 45566), M. argentatus (MPEG 45609) e M. melanurus (MPEG 45571).

Foto: Reprodução

Os resultados foram publicados em agosto de 2021 em um artigo na revista Scientific Reports, do grupo Nature. Além de identificar a nova espécie, o artigo indica que ela é exclusiva do Estado do Mato Grosso e está restrita a região entre os rios Juruena e Teles Pires. Mais pesquisas são necessárias para saber o quanto o sagui-de-Schneider está ameaçado de extinção e se ele se distribui mais ao Sul, além das áreas investigadas pelos cientistas.

A Amazônia é a região com maior diversidade de primatas do mundo, com 146 espécies e subespécies identificadas, o que representa 20% da diversidade de primatas no planeta. Apesar de significativa, essa diversidade ainda é bastante desconhecida da ciência, na região do arco onde foi descoberto a nova espécie, já foram identificadas 52 espécies diferentes de primatas, das quais 42% estão ameaçadas de extinção de acordo com a União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN).

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