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Como parte dos preparativos, o Instituto Mamirauá e pescadores do município de Maraã (a 634 quilômetros a noroeste de Manaus) realizaram, em novembro, a contagem de aruanãs em lagos da região. Os levantamentos mais recentes foram feitos no complexo do Lago Preto, conjunto de lagos localizado na Reserva de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá, unidade de conservação a cerca de 640 km de Manaus.
A equipe formada por membros da colônia local de pescadores contabilizou os estoques de aruanãs brancos (Ostoglossum bicirrhosum), adultos e juvenis, em três lagos do complexo. Aruanãs adultos medem a partir de 50 cm, tamanho médio de maturação sexual. Abaixo disso, os peixes são considerados juvenis.
Todo trabalho foi acompanhado por cientistas e técnicos do Instituto Mamirauá, unidade de pesquisa do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC). “Os resultados estão em análise, mas posso adiantar que a taxa de erro entre a quantidade de peixes apontada pelos contadores e o total que havia de fato nos lagos foi bastante baixa. Esse é um grupo de pescadores experientes na contagem e que vem se preparando há tempos para fazer o manejo de aruanãs”, avaliou a pesquisadora Danielle Pedrociane.
A contagem também integra os estudos sobre a ecologia e a biologia de aruanãs conduzidos pelo Instituto Mamirauá. As pesquisas são realizadas há mais de uma década nessa região e deram sustentação científica para o plano de manejo da espécie, proposto ao Ibama.
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Até 2017, a captura de larvas e alevinos (filhotes) de aruanãs para fins ornamentais era proibida no Amazonas, porque a legislação não permitia que um só tipo de peixe fosse, ao mesmo tempo, produto do mercado de ornamentais e de alimentação. Mas, com base nas experiências e dados coletados na região de Maraã, uma resolução da Secretaria Estadual de Meio Ambiente aprovou a pesca, desde que a atividade siga os princípios sustentáveis do manejo.
Entenda como é feita a contagem de aruanãs
Adicionando critérios técnicos à atividade e com adaptações ao contexto local, os pesquisadores do Instituto Mamirauá chegaram ao modelo atual: à noite, durante a estação de seca (em média, de agosto a novembro), os pescadores fazem a contagem visual de aruanãs em lagos de água negra.
Divididos em duplas e guiados por lanternas de cabeça, os pescadores saem em canoas e percorrem, lado a lado, toda a extensão do lago, da cabeceira até a ponta. Na proa, vai o contador e atrás o anotador, registrando em uma planilha os aruanãs que forem contabilizados no caminho.
“É como um escaneamento do lago. As canoas ficam emparelhadas a uma distância de 5 metros entre elas, e seguem a uma velocidade média de 2 quilômetros por hora (km/h). A velocidade é controlada por um dos pescadores com o uso de GPS”, explicou Pedrociane.
O contraste entre o tom escuro e límpido das águas e os olhos e escamas do aruanã, que refletem a luz, permitem a visualização. Os alevinos e larvas, valorizados no mercado de ornamentais, são contados a partir da boca dos machos da espécie: entre os aruanãs, é o macho que cuida dos filhotes, guardando a prole na boca até um certo estágio de vida.
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Para confirmar o que foi contado, a equipe faz o que é chamado de despesca ou “arrasto”: semelhante como é feito no manejo de pirarucu, partes do lago são fechadas com redes de pesca e, após a contagem, os pescadores retiram todos os peixes do ambiente.
Próximos passos
A partir de agosto, quando começa a temporada de seca, também será realizada uma capacitação para pescadores em contagem de aruanãs. Uma cartilha didática com orientações para a contagem também está na agenda do instituto.