Maior árvore da Amazônia pode ajudar identificar outras ‘gigantes’, na divisa do Amapá com o Pará

Entre os dias 14 e 24 de agosto, a divisa entre o Amapá e o Pará foi cenário de uma expedição arriscada entre rios e corredeiras em busca da árvore mais alta da Amazônia: um exemplar de Diniza excelsa, mais conhecida como Angelim Vermelho. A imponente tem 88 metros e está dentro uma reserva de conservação de uso sustentável.

A viagem, que partiu de Laranjal do Jari, no sul do Amapá, levou cerca de 30 pesquisadores de vários países e moradores da região até o local da árvore, a 220 quilômetros da “civilização” mais próxima.

Foto: Rafael Aleixo/Setec

Os estudiosos amapaenses da expedição são das universidades Federal (Unifap) e Estadual (Ueap), além do Instituto Federal (Ifap). A árvore tem 88 metros de altura, equivalente a um prédio de 29 andares e supera todas as catalogadas na Amazônia, que não passavam dos 70 metros.

Para o estado, o objetivo da viagem foi identificar qual relação dessas árvores gigantes e longevas – com mais de 400 anos – com o ambiente ao redor e como elas atuam para a preservação da floresta, castigada recentemente com as queimadas em larga escala na Amazônia Legal.

“Descobrir essa altura é só o início do estudo. Agora é entender porque chegam a esse tamanho, o que está interferindo nesse crescimento e como ela consegue absorver água e nutrientes nesse tamanho, porque gasta muita energia”, pontuou Wegliane Campelo, doutora em ciência florestal e coordenadora do curso de ciências biológicas da Unifap.

A expedição foi coordenada pelo professor Eric Bastos Gorgens, da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM). A árvore foi identificada através de satélite numa área muito remota da Amazônia, dentro da Floresta Estadual do Parú, no Pará.

“O sul do estado pelas análises de satélite pode-se encontrar outras árvores dessa dimensão. Se isso se confirmar, essa região provavelmente tem as árvores mais grandes da Amazônia. Com árvores desse tamanho podemos quantificar o serviço dessas áreas para o mundo”, reiterou Perseu Aparício, professor da Ueap.

Foto: Rafael Aleixo/Setec

diagnóstico da viagem apontou que a árvore gigante está bem distante de qualquer contato com os incêndios florestais e “até o momento”, segue intacta. Exemplares do Angelim Vermelho são comuns com até 60 metros de altura, mas com quase 90 foi uma descoberta extraordinária.

“Descobrir que existem espécies acima do arvoredo é fantástico, e descobrir que algumas crescem acima dos 70 metros já são consideradas uma raridade. A importância acadêmica delas é imensa, porque nos estimula a buscar mais”, acrescentou Wegliane Campelo.

Sete áreas de ‘árvores gigantes’

Antes de encarar a viagem pelo rio Jari, pesquisadores de universidades do Brasil, Finlândia e Reino Unido já tinham analisado dados de 594 coleções de árvores espalhadas por toda a Amazônia brasileira.

Foto: Rafael Aleixo/Setec

Usando uma espécie de “radar laser” que faz sensoriamento remoto, os pesquisadores identificaram sete regiões com árvores gigantes, todas com altura superior a 80 metros.

Seis dessas coleções estavam região do Rio Jari, entre os estados do Amapá e Pará, incluindo a gigante mor. Para se ter uma ideia da dimensão da descoberta, os maiores árvores do mundo são as sequoias-gigantes, que podem medir de 85 a 110 metros e são naturais do hemisfério norte.

Logística

Além dos pesquisadores, a viagem contou com uma equipe do Corpo de Bombeiros do Amapá e um escalador. O apoio técnico e logístico foi ofertado pelas secretarias de Meio Ambiente (Sema) e Ciência e Tecnologia (Setec) do Amapá, além da Agência de Inspeção Agropecuária (Diagro).

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