As informações estão no Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção, resultado de um estudo que contou com a participação de 1.270 pesquisadores e que foi divulgado pelo Instituto de Conservação da Biodiversidade Chico Mendes (ICMBio).
Considerando o conjunto de espécies avaliadas, a Amazônia é o bioma com maior riqueza de espécies da fauna, seguido da Mata Atlântica e do Cerrado. A Mata Atlântica é o bioma que apresenta maior número de espécies ameaçadas, tanto em números absolutos quanto em proporcionais à riqueza dos biomas.
Do total de espécies ameaçadas do Brasil, 15,3% se encontram na Amazônia, que representam 180. Desse total, 124 espécies são endêmicas desse bioma, ou seja, que existem apenas na Amazônia.
Por todo o país, os principais fatores de pressão às espécies continentais estão relacionados às consequências de atividades agropecuárias, seja pela fragmentação e diminuição da qualidade do habitat em áreas em que a atividade está consolidada ou pelo contínuo processo de perda de habitat onde a atividade está em expansão.
Para as espécies que ocorrem na Amazônia, os principais fatores de pressão identificados são os empreendimentos relacionados à obtenção de energia, principalmente as hidrelétricas, e atividades agropecuárias, afetando, respectivamente, 95 e 94 espécies que ocorrem nesse bioma. As hidrelétricas afetam de forma direta majoritariamente os peixes e algumas aves, em especial as que necessitam de ambientes de várzea, além dos mamíferos aquáticos (boto-cor-de-rosa, Inia geoffrensis e o peixe-boi-da-amazônia, Trichechus inunguis).
Por provocarem perda de habitat, afetam algumas espécies de aves, primatas e mamíferos carnívoros. As atividades agropecuárias estão em expansão e têm provocado fortes alterações ambientais nas porções leste e sul da Amazônia, no chamado arco do desmatamento, região com muitas espécies endêmicas, especialmente de aves.
A retirada de indivíduos da natureza, incluindo caça, pesca e captura, é a terceira maior causa que afeta a fauna da Amazônia, com 52 espécies afetadas pelas atividades. Assim como a pesca, a caça tem como principal finalidade o consumo (principalmente de mamíferos e aves), porém também é praticada como forma de retaliação pela predação de animais domésticos. Já a captura de indivíduos vivos é realizada principalmente para o tráfico de animais, para a criação como animal doméstico e para a aquariofilia.
Outros fatores, como mineração, extração florestal e empreendimentos de transportes estão entre as causas para as espécies que estão sob risco de extinção na Amazônia.
Livro Vermelho da Fauna
Com 4.200 páginas, a nova edição da lista oficial de animais sob risco de extinção dá continuidade a relatórios produzidos em 2003, 2004, 2005 e 2008. Os números vigentes revisam as listas publicadas pelo Ministério do Meio Ambiente no final de 2014, conforme as portarias nº 444 e 445 da pasta, e o Livro Vermelho 2008. Além disso, atualiza algumas das nomenclaturas de espécies anteriormente empregadas nesses documentos.
Ao comparar dados do livro de 2008 com a edição mais nova, é possível notar que 716 espécies animais do território brasileiro entraram para a lista daquelas consideradas sob ameaça de extinção, enquanto 170 deixaram de integrá-la.
Conforme o ICMBio, ao longo de todos esses anos, a quantidade de espécies ameaçadas só cresceu. Da lista da década de 1960, por exemplo, constavam 44 espécies nessa condição, incluindo mamíferos, aves e répteis, e ainda 13 da flora brasileira. Desse total, 30 ainda são hoje mencionadas, por merecer alerta.
Para a elaboração do Livro Vermelho 2018, os pesquisadores tiveram como escopo o exame de 12.254 táxons (unidades de classificação de seres vivos), dos quais 226 (1,8%) foram incluídos na categoria Não Aplicável (NA) para a avaliação, por não pertencer de fato à fauna local. “A maioria dessas espécies é de aves, peixes marinhos ou mamíferos marinhos, muitas com comportamento migratório, ampla distribuição fora do Brasil e ocorrendo apenas ocasionalmente em território brasileiro”, explica a autarquia.
Conservação
“Para 429 táxons não há registro em unidades de conservação, embora 29 deles tenham ocorrência provável. Os peixes continentais são o grupo com o maior número de espécies sem registro em UC e também o grupo com o maior número de espécies que sabidamente não ocorrem em UC”, completou.
Conforme a publicação, foram implementados, até o momento, 60 PANs, em conjunto com o Instituto de Pesquisa Jardim Botânico do Rio de Janeiro, tendo beneficiado 700 espécies ameaçadas, das quais 526 são espécies de vertebrados, 87 de invertebrados e 91 da flora.