Líder indígena alerta sobre a destruição da Amazônia como “apocalipse mundial”

Para o ativista, Gregório Mirabal, o futuro da Amazônia pode ser dividido em dois cenários catastróficos

O líder venezuelano Gregório Mirabal, responsável pela Coordenadoria de Organizações Indígenas da Bacia Amazônica (Coica) pediu às nações desenvolvidas que, na COP26, trabalhem juntos com os povos nativos para proteger os 8,4 milhões de km² da Floresta Amazônica.

A entidade que o Gregório representa é de cerca de 3,5 milhões de indígenas amazônicos de 9 países. “Se a floresta desaparecer, este mundo ficará em chamas, a temperatura vai subir”, adverte Mirabal, em entrevista à AFP na aldeia Unión Base, na Amazônia equatoriana.

Mirabal, que pertence ao povo wakuenai kurripaco, lembra que 17% da floresta foi destruída pela exploração de petróleo e minérios, pela poluição e pelo desmatamento para favorecer a agricultura e a pecuária. Para o ativista, o futuro da Amazônia pode ser dividido em dois cenários: “[um é o] do apocalipse, do não retorno. As pessoas vão ficar sem oxigênio, o planeta vai esquentar, […] a vida não será possível no planeta se a Amazônia desaparecer”.

“O outro é o que nossos filhos poderão se banhar neste rio, conhecer o que existe aqui, ver as árvores, a biodiversidade […] Este é o cenário que nós estamos oferecendo ao mundo se nos ajudarem a proteger 80% da Amazônia”, afirmou.

Foto: Rodrigo BUENDIA / AFP

 A COP26, conferência sobre o clima, terá início no dia 31 de outubro, em Glasgow, na Escócia. Na opinião do líder da Coica, o maior perigo que a floresta enfrenta é “a falta de vontade política” dos governos locais, junto com a corrupção e o não fortalecimento dos direitos dos povos indígenas.

Para Mirabal, os países desenvolvidos precisam ver a Amazônia como um espaço que “também lhes dá vida”. “Queremos garantir a Amazônia para a humanidade”, sentenciou.

Entre os maiores inimigos da floresta, o ativista afirma que estão os grandes bancos que “financiam a destruição […] ao ofertarem recursos para a exploração de petróleo e outras formas de extrativismo”.

Outro “inimigo” da floresta, citado por Mirabal, é o atual governo brasileiro, comandado por Jair Bolsonaro.

“O Brasil tem quase 60% de toda a bacia amazônica. Com este presidente, Jair Bolsonaro, aumentou o desmatamento, a mineração ilegal, o extrativismo e os assassinatos de nossos irmãos e irmãs. É o pior governo que temos na bacia amazônica”, frisou o líder indígena.

Nesse sentido, Mirabal menciona que o Brasil, ao lado da Colômbia, é um dos piores lugares do mundo para lideranças indígenas e defensores da natureza, pois “há 80% de chance de que seja assassinado ou preso”.

Durante sua fala, o líder indígena afirma que estamos em um ponto chamado de “ponto de inflexão, pois, se 20% da Amazônia for desmatada, a chance de recuperação será baixa, já que a própria desertificação, a falta de água e os incêndios poderão acabar com a floresta.

“A Amazônia está sendo assassinada”, ressaltou o ativista, que acredita que é necessário protegê-la por ser “uma das grandes reservas de água doce do planeta” e “ter a maior biodiversidade”, “que garante o equilíbrio do clima”.

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