Lagartixas ou osgas: professora da UFRA explica sobre a ocorrência e hábitos deste animal

Apesar do mito que as acompanha, as lagartixas não são sugadoras de sangue e nem representam risco aos seres humanos. Existem aproximadamente 276 espécies no Brasil, sendo que, destas, 125 espécies encontram-se na região Norte.

Elas fazem parte do nosso cotidiano, mesmo que não sejam percebidas na maior parte do tempo. As osgas, ou lagartixas, estão nas casas e apartamentos, e ainda contribuem no controle de pragas. Apesar do mito que as acompanha, as lagartixas não são sugadoras de sangue e nem representam risco aos seres humanos. Pelo contrário, se alimentam de frutas, aranhas, escorpiões e insetos, como os mosquitos (até mesmo o da dengue), moscas e baratas, controlando essas populações.

Existem aproximadamente 276 espécies no Brasil, sendo que, destas, 125 espécies encontram-se na região Norte. Elas não representam nenhum risco aos seres humanos. Em cativeiro, algumas vivem por aproximadamente 9 anos, tempo variável de acordo com a espécie, mas sabe-se que na natureza, devido ao maior número de predadores, o tempo de vida é muito menor. A maioria das espécies faz autonomia caudal, que é o fenômeno de soltar a cauda quando se sentem ameaçadas. É uma forma de proteção, pois a cauda atrai a atenção dos predadores por continuar se movimentando enquanto o lagarto foge.

Reprodução: Internet

As lagartixas podem ser ovíparas ou vivíparas, com populações compostas por machos e fêmeas. Mas algumas espécies são partenogenéticas, ou seja, a sua população é composta somente por fêmeas e as filhas são clones das mães.

Mas você sabia que algumas espécies podem não ser nativas da nossa região?! Segundo a bióloga Annelise D´Angiolella, professora da Universidade Federal Rural da Amazônia (Ufra), campus Capitão Poço, umas dessas espécies é a Lepidodactylus lugubris, uma lagartixa partenogenética, originária do sudoeste do pacífico e que já vem “colonizando” a América do Sul já há algum tempo. No Brasil, os registros conhecidos eram de 2015, em Belém. Mas a presença dela se expandiu quando, recentemente, registrou-se a espécie em três novos locais: nos municípios paraenses de Capitão Poço e Breves e na cidade de Salvador, na Bahia.

“A Lepidodactylus lugubris é noturna e está mais adaptada ao ambiente urbanizado, podendo ser encontrada em casas e prédios. Uma característica marcante do animal é um dos comportamentos de defesa, quando enrola a cauda lateralmente para chamar a atenção do predador para a cauda, enquanto ele pode tentar uma fuga. Na nossa região, ela não tem predadores, então pode competir por espaço e alimento com lagartixas nativas, mas, por enquanto, não representa tanto perigo para estas”, diz.

Entretanto, há outra espécie que pode representar competição para a Lepidodactylus lugubris: a Hemidactylus Mabouia, a famosa “lagartixa de parede”, que também é uma espécie exótica, de origem africana, mas que já está no Brasil desde os tempos de colonização. “Elas podem ser competição uma para a outra, pois, além de serem exóticas, ambas são noturnas, têm o mesmo tipo de alimentação e habitam o mesmo tipo de ambiente. Já tendo sido registrados até mesmo casos de ataque entre ambas”, explica a pesquisadora.

A pesquisadora da Ufra chegou a escrever um artigo sobre o assunto, publicado em 2021. “Estudos são importantes porque mostram como nosso território está sendo constantemente invadido por espécies não nativas, e, como não são nativas, não têm predadores naturais. Então, se há um ambiente propício, há uma tendência que essas populações de animais cresçam sem controle, já que quem faz o controle é justamente o predador. Por enquanto, não é o caso do Lepidodactylus lugubris, mas já acontece com várias outras espécies”, disse Annelise.

Para saber mais sobre a espécie, você pode ler o artigo escrito pela professora Annelise D´Angiolella em parceria com outros pesquisadores, e acompanhar o instagram do @casadacienciacp

(*) Com informações da UFRA

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