Kits de energia solar serão comercializados em comunidades isoladas da Amazônia Central

Garantir a água quente do banho e a bateria carregada do celular é, em geral, tarefa fácil nas grandes cidades. Apertar o interruptor liga e desliga a luz da lâmpada a qualquer hora do dia: praticidade difícil de se abdicar por quem se acostuma com o acesso constante à energia. Esta tecnologia, considerada por tantos essencial à manutenção da vida cotidiana, chega, quando muito, limitada a algumas horas diárias em comunidades tradicionais de regiões isoladas dos grandes centros – como boa parte da Amazônia.

 

Com o objetivo de implementar uma fonte de energia sustentável a acessível nas comunidades ribeirinhas da Amazônia, o Instituto de Desenvolvimento de Energias Alternativas e da Auto Sustentabilidade (IDEAAS) deu início a implementação do Arranjo Produtivo de Energias Renováveis na região do Médio Solimões, na Amazônia Central. O arranjo é última etapa do programa “Luz para uma Vida Melhor” financiado pela Charles Mott Foundation e apoiado pelo Instituto Mamirauá, organização social fomentada pelo Ministério de Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) e coordenador local do projeto.

 

O arranjo irá comercializar três kits de energia solar: de iluminação, televisão e freezer.  As vendas irão começar com fundo rotativo composto por 35 kits doados pelo IDEAAS.

Foto: Júlia de Freitas/Instituto Mamirauá 

As tecnologias desenvolvidas foram testadas com a instalação de 20 kits de iluminação em comunidades das Reservas de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá e Amanã e da Floresta Nacional de Tefé (Flona), unidades de conservação da região.

 

O conjunto denominado “Kit Bakana Solar” é composto por um painel solar, bateria, controlador de carga, lâmpadas e carregador USB. Depois de instalado, pode fornecer energia para o funcionamento da iluminação de uma casa, de uma lâmpada para espantar morcegos, para a recarga de celulares e aparelhos com entrada USB.

 

Sustentabilidade e aumento na qualidade de vida

 

Atualmente, a maior parte das comunidades ribeirinhas da região têm acesso à energia de a 3 a 4 horas por dia. A energia é proveniente de geradores movidos pelos combustíveis fósseis diesel e gasolina.

“A ideia do kit não é substituir os geradores, que ainda serão necessários para o funcionamento de maquinários, mas que aos poucos possa ser uma substituição visto que é uma fonte de energia mais sustentável e limpa e também pode garantir o acesso a qualquer hora do dia”, explica Maria Cecília Gomes, coordenadora do Programa Qualidade de Vida do Instituto Mamirauá.

 

O arranjo produtivo contará um distribuidor local, técnicos de reparação e agentes responsáveis pela venda de produtos de reparo.

Foto: Bernardo Oliveira/Instituto Mamirauá 

Seminário

 

Nos dias 22 e 23 de maio foi realizado o “Seminário Arranjo Produtivo Local para serviços energéticos em comunidades remotas na região” onde se debateu a implementação do arranjo produtivo com representantes comunitários e entidades. O evento aconteceu na sede do Instituto Mamirauá, em Tefé, no Amazonas.

 

O seminário reuniu representantes das Reservas de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá e Amanã, da Floresta Nacional de Tefé (Flona), e dos órgãos ICMBio, Secretaria de Empreendedorismo e Inovação, do MCTIC, Funai, Prefeitura de Tefé, Câmara Municipal dos Vereadores e Distrito de Saúde Indígena (DSI).

 

O encontro também contou com a participação de integrantes da Organização Não Governamental (ONG) Peabiru, que está em uma fase mais avançada do projeto em Belém (PA) e pôde compartilhar as experiências do arranjo. O objetivo do seminário, diz a técnica, foi “discutir e construir coletivamente um arranjo de instituições para tornar viável o uso de energia renovável na região”.

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