Impactos de barragens na Amazônia são avaliados por pesquisas do Inpa e Ufam: “há necessidade de uma abordagem ecossistêmica”

De acordo com os artigos,  o planejamento e os estudos de impacto ambiental de hidrelétricas têm falhado em reconhecer os impactos cumulativos das obras ao longo das bacias hidrográficas.

Pesquisadores e alunos do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa / MCTI) e da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) trabalharam na produção de artigos que permitiram que o Centro de Assistência Técnica à Pesquisa (RTAC), Ligado USAID (Agência de Desenvolvimento Internacional dos Estados Unidos), produzissem uma Nota Técnica sobre “Impactos de Barragens na Amazônia”, dirigido aos formuladores de políticas públicas.

Pesquisas científicas contribuem para avaliar impactos de barragens na Amazônia. (Foto:Camila Ribas/INPA)

A informação contida no informativo baseia-se principalmente na investigação apoiada pelo programa PEER (Partnerships for Enhaced Engagement in Research) da USAID e conduzida pela Dra. Camila Ribas e pelo Dr. Fernando d’Horta no Inpa; Dr. André Oliveira Sawakuchi no Instituto de Geociências da Universidade de São Paulo; Dr. Joel Cracraft no Museu Americano de História Natural e Dr. Alexandre Aleixo no Museu Paraense Emílio Goeldi.

Além disso, contou ainda com uma parceria do Field Museum of Natural History, da Universidade Federal do Amazonas, da Universidade Federal do Pará, da Universidade Estadual Paulista, da Universidade de São Paulo, da Universidade do Texas, de Austin, do Instituto Socioambiental e Wildlife Conservation Society.

Segundo a pesquisadora Camila Ribas, da Coordenação de Pesquisas em Biodiversidade do Inpa, os resultados das pesquisas apontam que o planejamento e os estudos de impacto ambiental de hidrelétricas têm falhado em os reconhecidos impactos cumulativos dessas obras nas bacias hidrográficas.

Mais de metade de todas as barragens existentes e planejadas para a bacia do Rio Amazonas encontram-se no Brasil. (Arte: Reprodução/INPA)

Outro fato é ignorar a singularidade dos ambientes de várzea e igapó, sazonalmente alagáveis e extremamente impactados pelas obras, sem levar em consideração a biodiversidade ainda não conhecida na Amazônia, principalmente nas áreas que são sazonalmente alagáveis.

No repositório do Inpa é possível encontrar um documento que destaca as informações mais importantes de artigos publicados enfatizando a aplicabilidade desses resultados para os processos de planejamento, avaliação e monitoramento de impactos de barragens construídas nos grandes rios Amazônicos para produção de energia elétrica, como Belo Monte no Rio Xingú e Santo Antônio, no Rio Madeira.

O documento traz recomendações para melhoria no processo de planejamento, avaliação e monitoramento do impacto de barragens e enfatiza a necessidade de uma abordagem ecossistêmica para se avaliar os impactos sobre as bacias hidrográficas antes de aprovar os projetos hidrelétricos na Amazônia.

O trabalho visa facilitar o acesso aos estudos acadêmicos para os agentes reguladores, governamentais e não governamentais, e para as pessoas diretamente afetadas pelas obras, com o objetivo de colaborar com um caminho sustentável para conservação da Amazônia.

Para ter acesso ao dossiê clique aqui.

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