Impactos da mineração na Amazônia são apresentados à Igreja europeia

A rede de organizações internacionais de inspiração católica que acompanham a Amazônia, estão reunidas desde segunda-feira (17) em Berlim, na Alemanha. As discussões tem o objetivo de refletir sobre a necessidade de trabalhar em conjunto para obter resultados de maior impacto na “outra selva”, a União Europeia.

Ao lado de representantes de organizações da Igreja Católica (Adveniat, Misereor, Cáritas Espanhola, Manos Unidas, Cafod, Ccfd, Secours Catholique, Alboan, Entre Culturas, Cáritas Alemanha e Cáritas Internacionalis), dos Cardeais Cláudio Hummes (Brasil) e Pedro Barreto (Peru), respectivamente Presidente e Vice-presidente da Rede Eclesial Pan-amazônica (REPAM), e de Maurício Lopez, secretário executivo, participam das reuniões também duas lideranças amazônicas. 

Foto: Divulgação/Greenpeace

José Horlando da Silva traz a resistência de sua comunidade rural no município de Buriticupú, no Maranhão, contra os impactos do extrativismo causados pela empresa Vale do Rio Doce.

“A empresa passou dizendo que ia gerar emprego, gerar desenvolvimento… e até hoje não chegaram. Quando lutamos pelo nosso direito de procurar emprego, a empresa traz a polícia, pede que use spray de pimenta, faça espancamento nas pessoas. Meu pai, que não estava reivindicando (mas eu estava), foi processado para que eu parasse de reivindicar. Aí ele sofreu o processo, mas não foi por isso que paramos”, disse.

Horlando fala sobre os impactos desta atividade em sua comunidade. Lavouras e rios contaminados e a pesca ameaçada. 24 trens transitam o dia inteiro levando minério. Sobram 23 minutos para que as pessoas atravessem o binário. Ele conta episódios de incidentes e mortes neste arriscado atravessamento.

A discussão em torno do Questionário do Documento Preparatório para o Sínodo Amazônico destaca a necessidade de promover uma ecologia integral, olhando para a urgência de uma conversão urgente na Europa, porque os modos de vida praticados “são insustentáveis” e isso exerce pressão sobre o território amazônico.

Neste sentido, a REPAM caminha para a construção de uma Igreja capaz de influenciar a mudança de estruturas que geram esse modelo de desenvolvimento. Sem lidar com essa área, sem influenciar as políticas públicas que favorecem empresas e o poder e que atuam impactando a Amazônia, a ecologia integral não pode ser promovida.

Pronunciamento

Em nota, a assessoria de comunicação da Vale afirmou que as obras de expansão da Estrada de Ferro Carajás foram concluídas no primeiro semestre deste ano. No pico das obras foram gerados mais de 13 mil empregos. De cada 10 contratados, 8 eram maranhenses e residiam em comunidades vizinhas às obras. Mais de 3.000 pessoas foram capacitadas nas áreas de construção civil e meio ambiente. Hoje, a operação da Vale gera mais de 10 mil empregos no Maranhão.Ainda segunda informações da assessoria, a Vale realiza regularmente campanhas e ações de relacionamento voltadas à convivência segura das comunidades com a ferrovia. Além disso, investe em travessias oficiais para garantir segurança a quem precisa cruzar a via férrea. De 2013 para cá, foram construídos novos viadutos, totalizando 48 até o fim deste ano. Além dos viadutos, há passagens em nível e passarelas. Em 2017, a Estrada de Ferro Carajás foi eleita uma das ferrovias mais seguras do Brasil, segundo a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), órgão federal que regulamenta a concessão, acompanha, compara e fiscaliza as ferrovias do país.  A EFC ficou em segundo lugar com o índice de acidentes de 2,67, atrás apenas da EFVM, com 2,16. Os dados estão disponíveis no site da ANTT.No fim da nota, a empresa diz que o diálogo contínuo e transparente é condição fundamental para garantir a sustentabilidade das operações da Vale e a melhor forma para construir soluções de valor compartilhado. Neste sentido, a Vale disponibiliza diferentes formas e canais de comunicação, incluindo equipes de campo e o Alô Ferrovias (0800 285 7000), que funciona todos os dias da semana, 24h por dia.

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