A Amazônia é berço de biodiversidade única e, ao mesmo tempo, palco de lendas que atravessam gerações. Neste vasto território, onde a natureza e o imaginário popular se entrelaçam, é comum ouvir relatos sobre a Iara, o Curupira, a Boiúna — e até o enigmático Mapinguari, criatura lendária conhecida por seu tamanho descomunal, apenas um olho e com uma boca no meio do umbigo. Mas e se uma dessas lendas ganhasse forma no mundo real?
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Foi o que pensaram os moradores do bairro João Paulo II, na comunidade Novo Milênio, zona leste de Manaus, em 2006, ao se depararem com o que descreveram como uma “ninhada de filhotes de Mapinguari”. Segundo testemunhas, seis pequenos animais foram encontrados em meio à mata. Eles teriam apenas um olho no centro da cabeça e caminhavam apenas com as patas traseiras.
O pânico tomou conta da vizinhança. Cinco das criaturas foram mortas, mas uma foi preservada em um frasco com álcool para análise. O caso rapidamente ganhou as ruas — e depois, os jornais. Seria o início de uma nova era de descobertas mitológicas? Ou havia uma explicação mais plausível?
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A ciência entra em cena
Na época, imagens do suposto filhote de Mapinguari chegaram até o pesquisador Dr. Anselmo D’ffonseca, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa). Hoje, quase duas décadas depois, D’ffonseca relembra o caso com um sorriso, e respondeu sobre o animal de uma maneira direta. “Era um filhote de gato com uma má formação genética”, afirmou.
Em entrevista ao Portal Amazônia, o pesquisador explicou que a condição é conhecida como teratogênese — uma anomalia no desenvolvimento embrionário que pode resultar em deformações físicas diversas.
“Isso pode causar, por exemplo, o surgimento de um chifre nas costas de um boi, ou membros extras. Nesse caso, o animal apresentava uma ciclopia, ou seja, um único olho. Isso assusta, é claro, mas é um fenômeno natural.”
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Mito ou mutação?
Apesar da explicação científica, o caso nunca deixou de povoar o imaginário popular local. Para muitos moradores, a aparência inusitada do animal ainda hoje levanta dúvidas. No entanto, D’ffonseca ressalta que esse tipo de ocorrência não é tão rara quanto parece. “As pessoas acabam associando à coisas sobrenaturais. Mas não tem nada disso. É bem natural, ainda que impactante à primeira vista”, completou.
O caso do filhote de ‘Mapinguari’ que intrigou Manaus em 2006. vídeo: reprodução/Facebook Manaus na História
Sobre a Lenda do Mapinguari
Os caboclos contam que dentro da floresta vive o Mapinguari, um gigante peludo com um olho na testa e a boca no umbigo. Para uns, ele é realmente coberto de pelos, porém usa uma armadura feita do casco da tartaruga. O Mapinguari emite um grito semelhante ao grito dado pelos caçadores. Se alguém responder, ele logo vai ao encontro do desavisado, que acaba perdendo a vida.
Há muitas versões para essa lenda, mas uma das principais conta que era um guerreiro muito forte que morreu durante uma batalha. Ele era tão valente que a mãe natureza o fez renascer e se tornar em um guardião da floresta.
Muita gente acredita que a origem da lenda do Mapinguari seja o megatério, ou preguiça-gigante, um animal pré-histórico que vivia nessas terras até 10 mil anos atrás.
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