As famílias que vivem no Parque das Tribos se reúnem no Natal para uma grande confraternização
Natal, época de amor e união entre as pessoas. Com o passar dos anos, a data passou por diversas mudanças e, cada vez mais, está integrada na sociedade, até mesmo, as comunidades indígenas celebram a data. A equipe do Portal Amazônia esteve no Parque das Tribos, onde vivem 36 famílias indígenas de várias etnias. Os comunitários explicaram sobre suas tradições para a celebração natalina.
A primeira diferença entre as celebrações é a ceia. Salpicão, peru, farofa e doces natalinos, saem de cena e dão lugar para uma gastronomia mais regional, como por exemplo, beijou, moqueca de peixe com banana, paçoca, bolo de macaxeira e quinhapira (clique no link para acessar a receita).
Segundo o engenheiro da etnia Munduruku, Ismael Munduruku, para os indígenas o Natal significa união. “Celebramos o nascimento de um menino que é Deus. Na nossa tradição, nós fazemos um banquete e convidamos todos para comer conosco. Fazemos, também, alguns rituais, cânticos e orações”, destacou.
Desde pequenos, os indígenas são ensinados a celebrarem o Natal. Na opinião da indígena Elisa Satere-Mawé, um prato indispensável na ceia é a quinhapira. “Essa é uma receita passada de geração em geração, então, o Natal é a época perfeita para saborear a iguaria”, disse.
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As famílias que vivem no Parque das Tribos se reúnem no Natal para uma grande confraternização. A influenciadora digital, Ira Maragua, acredita que após um ano tão conturbado, um momento de comunhão é importante para restabelecer a confiança de todos.
“A ideia sempre é unir as comunidades. Então, cada um traz um prato específico, como bolo de mandioca, peixe, tucupi e açaí. Não está sendo fácil, pois, estamos tentando nos estabilizar e vivemos esse período tão assustador da pandemia”, afirmou Ira.
Mudanças
De acordo com o antropólogo-indigenista da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Lino João de Oliveira Neves, o Natal para os indígenas tem o mesmo significado que marca o mundo ocidental moderno, ou seja, o nascimento de Jesus Cristo. Ao Portal Amazônia, o pesquisador explicou que o próprio significado do Natal se transformou com o passar dos anos.
“O Natal é uma festa cristã, ele se difunde no mundo a partir das cruzadas, que é o dispersar de toda religiosidade cristã pelo mundo. Os povos indígenas não conheciam esse aspecto cristão, no caso, o nascimento do menino Jesus. Com a evolução da humanidade, muitos dos aspectos a respeito do Natal mudaram. Ou seja, começou como uma festa de cunho religioso e, atualmente, se tornou uma confraternização marcada por uma ideia mercantilizada”, explicou João Lino.
“Em nível de uma tradição, alguns povos indígenas no Brasil já celebram o Natal há muito tempo, enquanto outros estão distantes disso, não sabem, inclusive, da existência de tal festa religiosa, ainda mais os indígenas que estão isolados da sociedade”, destacou o pesquisador.