Devoção: conheça os santos protetores dos Estados da Amazônia

Nossa Senhora Aparecida e São Pedro de Alcântara foram escolhidos os santos padroeiros do Brasil. Porém, cada Estado possui o seu próprio santo de devoção.

Nossa Senhora Aparecida e São Pedro de Alcântara foram escolhidos os santos padroeiros do Brasil. Porém, cada estado do país possui o seu protetor. Geralmente, eles são homenageados em datas distintas e suas vidas são celebradas pelos fiéis. 

O Portal Amazônia preparou uma lista sobre os santos protetores de cada Estado da Amazônia. Confira:

Fiéis levam imagem de Nossa Senhora de Nazaré. Foto: Divulgação/Ag. Belém

Nossa Senhora de Nazaré (31 de janeiro) – Acre, Pará e Rondônia

De acordo com a história, a imagem de Nossa Senhora de Nazaré foi encontrada por um caboclo chamado Plácido, às margens do igarapé Murutucu, no Pará. Segundo a tradição, a pequena imagem foi encontrada entre as pedras cobertas de trepadeiras, atualmente o local da Basílica de Nazaré. Plácido levou-a para casa e, no dia seguinte, ao acordar, viu que a imagem havia desaparecido. Assustado, correu ao local onde a encontrara e percebeu que ela havia “voltado” para o mesmo lugar.

O fenômeno se repetiu várias vezes, até que o governador da época mandou que a imagem fosse levada para a capela do Palácio do Governo, onde ficou guardada pelos soldados. No dia seguinte, a imagem foi de novo encontrada às margens do igarapé com gotas de orvalho e carrapichos presos a seu manto, “prova” da longa caminhada. A notícia do “milagre” espalhou-se rapidamente, atraindo para a palhoça do caboclo habitantes da cidade que, de curiosos, passaram a engrossar as fileiras dos devotos da santa milagrosa. Desde essa época, a população revive esse trajeto feito pela santa e o movimento de ir e vir do palácio para o igarapé repete-se nas procissões: primeiro na Transladação e depois no Círio.

As imagens de Nossa Senhora de Nazaré estão sempre presentes nos lares, escritórios, comércios, feiras e mercados, mas é durante o Círio de Nazaré que se tornam o centro de todas as atenções. A ligação dos devotos com Deus se faz, principalmente, por essa imagem e não pelo clero, fenômeno comum no catolicismo popular brasileiro. Os fiéis confeccionam mantos para vestir suas réplicas da santa e envolvem-nas em fitas decorativas. A imagem original (a que foi encontrada por Plácido) permanece guardada, durante todo o ano, no altar mais alto da Basílica de Nazaré e durante a celebração é colocada em local mais próximo dos fiéis.

Nossa Senhora de Nazaré. Foto:Jader Paes/Agência Pará

Nossa Senhora da Conceição (8 de dezembro) – Amazonas 

A Imaculada Conceição é uma festa litúrgica da Igreja Católica celebrada em 8 de Dezembro. A afirmação da Imaculada Conceição de Maria pertence à fé cristã. É um dogma da Igreja que foi definido no século XIX, após longa história de reflexão e de amadurecimento.

Imaculada Conceição de Maria significa que a Virgem Maria foi preservada do pecado original desde o primeiro instante de sua existência. Nascendo, há mais de dois mil anos, na zona da Palestina, Nossa Senhora teve como pais São Joaquim e Santa Ana.

A maternidade divina de Maria é base e origem de sua imaculada conceição. A razão de Maria ser preservada do pecado original reside em sua vocação: ser Mãe de Jesus Cristo, o Filho de Deus que assumiu nossa natureza humana.

Ainda que de maneira implícita, a Igreja encontrou na Bíblia os fundamentos desta doutrina. Em seu Evangelho, São Lucas diz que Maria é “cheia de graça” (Lc 1,28), significando que ela está plena do favor de Deus, da graça divina. Se está totalmente possuída por Deus, não há, em sua vida e coração, lugar para o pecado.

O dogma de Nossa Senhora foi proclamado pelo papa Pio IX, em 1854, resultado da devoção popular aliada a intervenções papais e infindáveis debates teológicos.

Nossa Senhora da Conceição. Foto: Patrick Marques/g1 Amazonas

São José (19 de março) – Amapá

São José era carpinteiro na Galiléia e marido da Virgem Maria, protetor da Sagrada Família, foi escolhido por Deus para ser o patrono de toda a Igreja de Cristo. Esteve ao lado de Maria em todos os momentos, principalmente na hora do parto, que aconteceu em um estábulo, em Belém. Educou e protegeu o menino Jesus, com o amor de Deus-Pai.

São José foi um homem justo, trabalhador e exemplo de pai. A simplicidade e a fidelidade fizeram de São José o protetor escolhido para Maria e para o próprio Jesus, bem como para os fiéis.

São José foi inserido no calendário litúrgico Romano em 1479. Sua festa é celebrada no dia 19 de março. São Francisco de Assis e, mais tarde, Santa Teresa d’Ávila, foram grandes santos que ajudaram a divulgar a devoção a São José. No ano de 1870, São José foi declarado oficialmente como o Patrono Universal da Igreja. O autor desta declaração foi o Papa Pio IX. No ano de 1889, o Papa Leão XIII, num de seus grandes documentos, exaltou as virtudes de São José. O Papa Bento XV declarou São José como o patrono da justiça social.

Para ressaltar a grande qualidade e poder de intercessão de São José como “trabalhador”, O Papa Pio XII instituiu uma segunda festa em homenagem a ele, a festa de “São José operário”. Esta, acontece no dia primeiro de maio.

São José. Foto: Divulgação

São José de Ribamar (Primeiro domingo do mês de julho) – Maranhão

Diz a lenda que um navegador português, após ter se desviado de sua rota, esteve prestes a naufragar, em plena baía de São José, por causa de uma tempestade. Tendo invocado a intercessão do santo, o navegador viu a tempestade cessar. Grato pela ajuda de São José, decidiu erguer uma capelinha de frente para o mar. Para isso, trouxe de Portugal uma imagem de São José.

Tempos depois, sem que ninguém percebesse, os moradores de Anindiba dos Indígenas, hoje Paço do Lumiar, levaram a imagem para a igreja do povoado. Contudo, misteriosamente, ao amanhecer, notaram que a imagem de São José voltara à sua capela de origem. Mais uma vez os moradores de Anindiba levaram a imagem para sua igreja e colocaram sentinelas para tomar conta. Mas, São José, depois de ter transformado seu cajado em luzeiro, desceu, protegido por santos e anjos, de Anindiba para a capela de Ribamar.

O caminho por onde São José passou ficou repleto de rastros de luz. Assim, os moradores de Anindiba entenderam que São José desejava ficar em sua capela de frente para o mar. Conta-se ainda, que, tempos depois, a capela de São José foi reconstruída de frente para a entrada da cidade, contudo, as paredes da nova igreja ruíram inúmeras vezes. Só então os devotos perceberam que a igreja deveria ficar como antes, de frente para o mar. O atual prédio da igreja matriz teve a construção iniciada em março de 1915, sendo concluído dois anos mais tarde.

São José de Ribamar. Foto: Reprodução/Ministério Público do Maranhão

Nosso Senhor Bom Jesus (31 de julho) – Mato Grosso

A devoção ao Senhor Bom Jesus possui suas raízes em Portugal, de onde foi levada aos países de colonização portuguesa, como Brasil, Angola e Açores. Sob essa invocação, venera-se a imagem de Jesus Cristo, especialmente em diferentes episódios de sua Paixão.

Trata-se de uma prática religiosa muito antiga, que participa da memória de diferentes localidades, de todos os estados do Brasil. Os primeiros vestígios do culto ao nosso Senhor Bom Jesus, no Brasil, remonta o século XVII, se organizando junto com os primeiros lugarejos que se tornaram cidades importantes.

Nosso Senhor Bom Jesus. Foto: Reprodução/Facebook-Santuário Senhor Bom Jesus

Nossa Senhora do Carmo (15 de novembro) – Roraima

Nossa Senhora do Carmo tem origem no século XII, quando se um grupo de eremitas começou a se formar no monte Carmelo, na Palestina, terra Santa, iniciando um estilo de vida simples e pobre, ao lado da fonte de Elias, que se estendeu ao mundo todo. A palavra ‘Carmo’, corresponde ao monte do Carmo ou monte Carmelo, em Israel, onde o profeta Elias se refugiou, e significa jardim.

A ordem dos carmelitas venera com carinho o profeta Elias, que é seu patriarca, e a Virgem Maria, venerada com o título de Bem Aventurada Virgem do Carmo. Devido ao lugar, esse grupo foi chamado de carmelitas. Lá, esse grupo de eremitas construiu uma pequena capela dedicada a Senhora do Carmo, ou Nossa Senhora do Carmelo. Posteriormente os carmelitas foram obrigados a ir para a Europa fugindo da perseguição dos muçulmanos. Aí se espalhou ainda mais a Ordem do Carmelo.

Com a expulsão dos carmelitas de Israel, a devoção a Nossa Senhora do Carmo começou a se espalhar por toda a Europa. Também foi levada para a América Latina, logo no começo de sua colonização, passando a ser conhecida em todos os lugares. E não somente no Carmelo. Foram construídas várias igrejas, capelas e até catedrais dedicadas a Senhora do Carmo.

São Simão era um dos mais piedosos carmelitas que vivia na Inglaterra. Vendo a Ordem dos Carmelitas ser perseguida até estar prestes a ser eliminada da face da terra, ele sofria muito e pedia socorro a Nossa Senhora do Carmo.

Sua oração, que os carmelitas usam até hoje, foi a seguinte: 

“Flor do Carmelo, vide florida. 

Esplendor do Céu. 

Virgem Mãe incomparável. 

Doce Mãe, mas sempre virgem. 

Sede propícia aos carmelitas. 

Ó, Estrela do mar”.

Então Maria Santíssima, rodeada de anjos, apareceu para São Simão, entregou-lhe o Escapulário e lhe disse: Recebe, meu filho muito amado, este escapulário de tua ordem, sinal do meu amor, privilégio para ti e para todos os carmelitas. Quem com ele morrer não se perderá. Eis aqui um sinal da minha aliança, salvação nos perigos, aliança de paz e amor eterno. A partir desse milagre, o escapulário passou a fazer parte do hábito dos carmelitas.

A partir da aparição de Nossa Senhora do Carmo a São Simão, a Ordem do Carmelo começou a florescer na Europa e em vários lugares do mundo, permanecendo firme até os dias de hoje. 

Nossa Senhora do Carmo. Foto: Reprodução/Convento da Penha

Nossa Senhora da Natividade (2 de abril) e São Domingos Gusmão (25 de novembro) – Tocantins  

Nossa Senhora da Natividade

O título de Nossa Senhora da Natividade originou-se de uma celebração realizada pela primeira vez como festa da Basílica “Sanctae Mariae ubi nata est” (Santa Maria onde ela está), conhecida hoje como a Basílica dedicada a Santa Ana na Palestina. Uma tradição oriental afirma que a Basílica foi construída no local onde teria sido o lugar da casa de Joaquim e Ana, os pais da Virgem Maria.

Em 1625, liderada pelo Frei Cristóvão de Lisboa, inicia-se uma Missão Religiosa no Norte de Goiás e, a partir dessa missão, se nota os primeiros vestígios de uma catequese mariana. O Frei Cristóvão de Lisboa sendo português, conhecia bem a devoção à Nossa Senhora da Natividade que em Portugal indicava o nascimento da Mãe de Deus. Assim, a devoção à Natividade de Maria começava a se expandir durante a missão em Goiás e ganharia ao longo dos anos o coração dos Tocantinenses, filhos do novo Estado do Brasil.

A imagem de Nossa Senhora da Natividade foi trazida, pelos jesuítas, para o norte da província de Goiás, em 1735. Foi a primeira a entrar nessa região, em embarcações pelo rio Tocantins, depois nos ombros dos escravos até o pé da serra onde se erguia o povoado denominado de Vila de Nossa Senhora da Natividade, Mãe de Deus, mais tarde São Luiz e depois Natividade. Essa imagem é a mesma, venerada, ainda hoje, na Igreja Matriz.

Foto: Reprodução/UCBD

São Domingos Gusmão

Domingos de Gusmão dedicou toda a sua vida a conversar com Jesus ou a falar sobre Jesus. Ele era a quinta-essência de um cristão, ou seja, quase um ideal inatingível. Talvez não, sabendo, porém, que era um homem capaz de viver este ideal de maneira magnífica. Talvez sim, levando em consideração o que ele foi capaz de fazer em 51 anos. 

Ele foi uma presença marcante nos acontecimentos eclesiais, como Francisco de Assis. Ambos eram contemporâneos. A apenas 13 anos da sua morte, Gregório IX, que o havia conhecido pessoalmente, o proclamou Santo.

Foto: Reprodução/Franciscanos

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