O artigo contribui para o avanço do conhecimento científico sobre os processos atmosféricos que ocorrem na atmosfera da Amazônia.
Pesquisa de professor do Instituto Federal do Pará (IFPA), Cleo Quaresma Dias Júnior, contribui para o avanço do conhecimento científico sobre os processos atmosféricos que ocorrem na atmosfera da Amazônia, a maior floresta tropical do planeta, com a publicação do artigo “Process-evaluation of forest aerosol-cloud- climate feedback shows clear evidence from observations and large uncertainty in models” na revista Nature Communications. A publicação ocorreu em fevereiro de 2024.
O artigo foi escrito com base em dados coletados em estações na Finlândia e no estado do Amazonas em períodos distintos ao longo do ano de 2016. As simulações revelam que os modelos comumente utilizados não são adequados para os estudos em clima tropical. “As simulações foram muito mais precisas para as florestas da Finlândia que para a floresta amazônica. Ou seja, temos muito trabalho pela frente para o entendimento adequado dos processos atmosféricos que ocorrem na maior floresta tropical do planeta”, esclarece o professor.
Professor Quaresma explica que o resultado dos dados trabalhados no artigo deixa claro que ocorreram avanços importantes nas previsões de modelos climáticos globais. “Contudo, as interações entre aerossóis, radiação solar e nuvens ainda requer melhoramentos. No cenário atual de mudanças climáticas globais e esse melhoramento precisa ser rápido para que tenhamos previsões precisas do clima futuro”, avalia.
Os estudos sobre os aerossóis atmosféricos no Brasil não são inéditos e nem recentes. Estas partículas respondem por uma das maiores incertezas nas pesquisas dos cenários de mudança climática. Porém, este artigo é o primeiro a comparar os dados experimentais de aerossóis, temperatura e nuvens por meio de simulações oriundas de modelos climáticos globais. Graças ao monitoramento de longo prazo do projeto ATTO.
O projeto ATTO é uma torre pesquisa científica com altura de 325 metros situada em uma região de terra firme, em um planalto de 130 metros de altitude, na Reserva de Desenvolvimento Sustentável Uatumã (RDSU) na Amazônia. Está instalada a 150 quilômetros de Manaus. E serve de base de estudos para diversos pesquisadores.
Quem é Cleo Quaresma?
O professor Cleo Quaresma Dias Júnior é paraense, conhece bem a floresta como poucos e se especializou por meio do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa). Ele integra, desde 2011, o grupo de pesquisadores de micrometereologia do programa científico da Torre Alta da Amazônia (ATTO). E, desde 2023, é um dos pesquisadores membros do Conselho Nacional de Produtividade e Pesquisa (CNPq) e contemplado com a bolsa de produtividade.
O artigo publicado na Nature é um dos diversos artigos científicos resultantes das pesquisas desenvolvidas na região amazônica por meio de orientação de alunos. Ajuda a ampliar a fronteira dos conhecimentos sobre os processos atmosféricos na Amazônia.
O que são os aerossois?
Aerossol é o nome empregado pelos pesquisadores para se referir às partículas sólidas e líquidas suspensas no ar atmosférico ou meio gasoso. São partículas com tamanhos que podem variar de 0,001 a 100 micrômetros (μm), partículas inaláveis. Em outras palavras, são as nuvens, a neblina, o ar dos desodorantes e purificadores, assim como a poeira e a fumaça, que são extremamente finos, as vezes invisíveis aos olhos, porém perceptíveis ao olfato, respiração humana e aparelhos de estudos do ar.
Na atmosfera, estas partículas podem ser carregadas pelo vento de um lugar para outro e passar dias suspensas antes de voltar a superfície da Terra. Situação que pode gerar impactos a níveis local, regional e global.
Os aerossóis podem ser de origem natural ou proveniente da atividade humana. Os aerossóis atmosféricos têm, devido às atividades humanas, aumentado causando impactos ambientais e adversos à saúde humana e mudanças climáticas. Os modelos matemáticos e físicos desenvolvidos para estudar e prever o clima, o tempo e a qualidade do ar, passaram a considerá-los.
As fontes de aerossóis podem ser naturais como, por exemplo, os oceanos (sal), os desertos e vulcões (poeira), ou artificiais como, por exemplo, a queima de biomassa e combustíveis fósseis (fuligem e fumaça). As bactérias, vírus, fungos, esporos e pólens são os chamados bioaerossóis, por conta da origem biológica.