Com o passar dos anos, os relógios ganharam diferentes formas e estilos de funcionamento. Mas ainda existem aqueles que surpreendem pelo porte e pelo local onde estão. Confira alguns relógios da região amazônica que se destacam:
Relógio Municipal de Manaus (Amazonas)
Inaugurado no início do século XX, o Relógio Municipal foi instalado na Avenida Eduardo Ribeiro, em 1927, compondo a paisagem arquitetônica da praça XV de Novembro, mais conhecida como ‘praça da Matriz’.
O maquinário do Relógio Municipal foi todo importado da Suíça e montado em base de pedra, pelos antigos ourives de Manaus, conhecidos como Pelosi e Roberti. Em 1945, a prefeitura abriu um edital que selecionou o senhor Faeiz Isaac Sahdo para atuar na administração do Relógio. Lá, ele atuou com sua barraca de conserto de relógios e também era responsável pela manutenção do maquinário suíço.
O Relógio Municipal possui uma frase em latim gravada em volta do mostrador: “Vulnerant omnes, ultma necat“, que em tradução livre diz “todas ferem, a última mata”, significando que para tudo há um tempo de acabar, até mesmo a vida. As palavras lembram que um dia todos enfrentarão um momento crucial, para o qual nunca se está preparado, porque não há como saber a data – e a hora – exata de tudo.
Praça do Relógio (Pará)
A Praça Siqueira Campos, no Centro comercial de Belém, foi inaugurada em 5 de outubro de 1931, para homenagear um dos 18 revolucionários paraenses heróis do Forte de Copacabana. Na memória cultural histórica da cidade das mangueiras, o monumento que ornamenta a praça, atualmente conhecida como ‘Praça do Relógio’, foi encomendado pelo Intendente de Belém, Antonio Faciola, no início de 1930, durante o governo de Eurico de Freitas Valle, conforme mensagem apresentada ao Congresso Legislativo do Pará.
O local escolhido para a construção da praça era um terreno baldio conhecido como ‘Praça dos Aliados’, após demolição do prédio onde deveria funcionar a Bolsa de Valores, no período áureo da borracha (anos 10 do sec. XX). Anterior a tudo isso, no lugar existia a embocadura do igarapé do Piri.
Hoje o endereço é conhecido por todos como um quadrilátero que compreende a Travessa Marques de Pombal, Rua Padre Champagnat, Avenida 16 de Novembro e a doca do Ver-o-peso. O monumento que deveria decorar a praça seria de um relógio a ser instalado no alto de uma elegante torre de ferro, de 12 metros de altura, com decoração que indicasse os pontos cardeais e quatro medalhões simbolizando as quatro estações do ano escritas em italiano, mostrador com iluminação noturna e sirene elétrica que deveria tocar às 8h, 12h e 18h.
Apesar de constar nos documentos oficiais (a requisição do relógio à empresa inglesa Walters Macfarlaine & Companhia), hoje, pode-se verificar na torre que sustenta a peça uma placa indicando fabricação feita pela empresa J. W. Benson Ltda. A reportagem encontrou registros não oficiais que afirmam também que o relógio foi fabricado pela empresa J. W. Benson Ltda e trazido ao Brasil pela Walters Macfarlaine & Companhia. Nenhum documento oficial foi encontrado para esclarecer a divergência até o momento.
Compondo o visual da praça, acompanham quatro postes ferro com luminárias, mais antigos, fabricados pela MacFarlaine em 1893. Durante a revolução de 1930, Eurico Valle e Antonio Faciola foram depostos, não podendo inaugurar a obra. No entanto, o evento aconteceu, grandioso, proporcionando à Belém o charme europeu. Na ocasião fizeram-se presentes o major Joaquim de Magalhães Cardoso Barata, Governador do Pará, e o Padre Leandro Pinheiro, intendente de Belém.
Prédio dos quatro relógios (Rondônia)
O ‘Prédio do Relógio’, conforme o historiador Anísio Gorayeb, foi inaugurado no dia 15 de janeiro de 1950, pelo então governador do Território Federal do Guaporé, Joaquim Araújo Lima, e pelo diretor da EFMM da época, Ananias Ferreira de Andrade. O projeto arquitetônico, em forma de uma locomotiva, é do arquiteto carioca Armando Costa. O relógio, cuja máquina é francesa da marca Jacques Perret, foi comprado em 1949, no Rio de Janeiro.
“Este relógio era visto de qualquer ponto da cidade, portanto, era considerado o nosso ‘Big Ben’. Praticamente a cidade toda se guiava por ele. A EFMM, também baseada por ele, tocava sua sirene no início e término de cada jornada de trabalho. Portanto, se as pessoas não pudessem vê-lo, com certeza ouviriam a sirene e saberiam as horas”, disse Gorayeb.
Ainda de acordo com o historiador, o relógio era ligado a um grande sino que tocava a cada quinze minutos e nele estão gravados os nomes do governador do antigo Território e do diretor da EFMM que o inauguraram. A edificação está situada na esquina das Avenidas 7 de Setembro e Farquhar.
Relógio do Sol (Tocantins)
Considerado o maior relógio de sol horizontal do Brasil, com seis metros de altura e 60 metros de diâmetro, o Relógio do Sol em Tocantins é formado pelo mostrador que fica no chão e é feito de pedras portuguesas. As linhas que indicam horas e meses são de cor preta.
Observando as curvas, pode-se perceber a diferença entre o tempo solar aparente e o tempo civil em relação a cada época do ano. Outra parte fundamental neste tipo de relógio é o ponteiro ou estilete, que é fixo e tem 14 metros de comprimento. O tubo, também chamado de gnomo, está voltado para o sul e produz a sombra tão importante na sinalização das horas.
Durante a noite, o Relógio de Sol de Palmas ganha outra função. Ao observar o céu, com a ajuda da haste do ponteiro podemos ver a movimentação da constelação do Cruzeiro do Sul, que gasta cerca de uma hora para girar em torno do eixo.
O Relógio de Sol é um projeto do arquiteto Silênio Martins Camargo com a consultoria do físico do Observatório Nacional, Marcomede Rangel Nunes, e existe desde a construção da Praça dos Girassóis, sendo inaugurado em 7 de setembro de 2000. A obra fica na ala norte da praça, próximo ao pórtico leste do Palácio Araguaia.
Marco Zero (Amapá)
Situado a dois quilômetros do Centro de Macapá, o Monumento do Marco Zero tem como referencial a Linha do Equador, que divide a Terra em dois hemisférios: Norte e Sul.
Um dos principais pontos turísticos da capital amapaense, o Monumento foi construído para a contemplação dos equinócios da primavera e do outono, quando os dias e as noites têm a mesma duração.
O monumento é constituído de uma edificação de 30 metros de altura dotada de um círculo na parte superior, através do qual é possível visualizar o equinócio.