Alguns animais da região, como o boto, representam as figuras dos personagens principais das histórias do folclore regional.
O folclore amazônico é repleto de histórias um tanto curiosas que envolvem a natureza e a floresta amazônica. Lendas como a do encantador boto cor-de-rosa, a caipora, boiúna, entre tantas outras, são os assuntos mais comentados quando se trata do folclore regional.
O Portal Amazônia preparou uma lista com alguns dos animais que estão presentes na fauna amazônica e representam essas lendas. Confira:
Boiúna
Boiúna é uma cobra grande que vive no fundo dos rios, lagos e igarapés da Amazônia, em um lugar conhecido como “boiaçuquara” ou “morada da cobra grande”. Segundo a lenda, a cobra possui um corpo tão brilhante capaz de refletir sob o luar. Seus olhos irradiam uma luz poderosa, que é capaz de atrair os pescadores que se aproximam ao confundirem-se com um barco grande.
A figura principal pode ser interpretada pela Sucuri, a maior espécie de cobra da Amazônia. Este animal pode chegar até a 8 metros de comprimento, em casos incomuns. Na verdade, essa espécie costuma chegar até 4 metros de comprimento normalmente.
Boto Cor-de-Rosa
Uma das mais famosas lendas amazônicas é a do sedutor boto cor-de-rosa. Os botos são animais que pertencem à ordem Cetacea e à família Iniidae. No bioma amazônico podem ser encontradas quatro espécies deste animal: Sotalia fluviatilis, Inia geoffrensis, Inia boliviensis e Inia araguaiaensis. São considerados os maiores golfinhos de água doce e quando adultos apresentam uma coloração rosada, especialmente os machos.
De acordo com a lenda, o animal vai até a terra firme, transformando-se em um homem bonito e galanteador, que vai atrás de mulheres com o intuito de seduzi-las. Durante a transformação, ele passa a usar roupas e sapatos brancos, além de um chapéu que tampa o topo de sua cabeça. Esse chapéu seria um disfarce, pois a transformação não é completa: no topo da cabeça estariam as narinas do boto.
Cuca
Popularmente conhecida como Cuca, uma das principais histórias do folclores brasileiro retrata a figura de uma senhora idosa com forma de jacaré que rouba as crianças que são desobedientes.
A Cuca dorme uma noite a cada sete anos e quando fica brava dá um berro que dá pra ouvir a dez léguas de distância. Pelo fato da Cuca praticamente não dormir, alguns adultos tentam amedrontar as crianças que resistem dormir, dizendo que se elas não dormirem, a Cuca irá pegá-las.
O maior jacaré na Amazônia é o jacaré-açu (Melanosuchus niger), podendo chegar até seis metros de comprimento o macho, e a fêmea, menor, até cerca de dois metros e 80 centímetros. Eles podem chegar até 100 anos de idade.
Mapinguari
O Mapinguari é uma figura descrita como um gigante peludo que possui um olho na testa e a boca no umbigo. Existem diversas lendas que pairam essa figura. Para algumas pessoas, ele é realmente coberto de pelos, porém usa uma armadura feita do casco da tartaruga. Para outras, a sua pele é igual ao couro de jacaré.
A história conta que alguns indígenas ao atingirem uma idade mais avançada evoluíram e transformaram-se em Mapinguari e passaram a habitar o interior das florestas sozinhos. Há também quem diga que seus pés têm o formato de uma mão de pilão.
O Mapinguari emite gritos semelhantes ao grito dado pelos caçadores. Se alguém responder, ele logo vai ao encontro do desavisado, que acaba perdendo a vida. A criatura é selvagem e não teme nem caçador, porque é capaz de dilatar o aço quando sopra no cano da espingarda.
O estudo de um paleontólogo argentino, Florentino Ameghino, no fim do século XIX, sobre a sobrevivência de algumas preguiças gigantes (Pleistoceno, 12 mil anos atrás) no interior da floresta amazônica, levantou uma hipótese que supostamente explicaria a existência do Mapinguari.
Caipora
A Caipora, também chamada de “Caipora do Mato”, é uma figura considerada a protetora dos animais e guardiã das florestas. Podendo ser representada por um homem ou uma mulher, e quando sente que algum caçador entra na floresta com intenções de abater animais, ela solta altos uivos e gritos assustando os invasores.
Existem diversos relatos de como a Caipora é e em algumas histórias contam que é uma indígena anã, com cabelos vermelhos e orelhas pontiagudas, já em outras versões, seu corpo é todo vermelho e em outras, verde.
Noutras versões, a caipora é descrita como sendo um homem baixo, de pele escura e muito peludo. Ele surge montado num porco do mato e sempre tem uma vara consigo.
Na Amazônia, o Catitu (Pecari tajacu, Tayassu tajacu ou Dicotyles tajacu) também conhecido pora caitatu, cateto e porco-do-mato, chega a 1,3 metro de comprimento, quase o dobro dos outros porcos selvagens encontrados no país e mais do que a maior espécie conhecida até então destes animais, o porco-do-mato-do-chaco, e foi descoberto na Amazônia em 2004.