Atividade realizada há séculos, a piscicultura consiste na criação de peixes e, diferentemente da aquicultura, que desenvolve o cultivo de organismos aquáticos no geral, como peixes, crustáceos, moluscos, dentre outros, a piscicultura atua principalmente com peixes de água doce.
Apesar de não colocar em risco a existência de espécies, em condições tradicionais, essa prática necessita de uma enorme quantidade de água devido às constantes trocas do volume de água dos tanques.
Com o decorrer do tempo, surgiram técnicas com o intuito de permitir uma renovação da água e otimização do manejo para que a piscicultura e aquicultura se tornasse mais sustentável, dentre eles o BioFloc Technology (BFT), no Brasil conhecido por Bioflocos. O Portal Amazônia mostra o que é essa prática e quais os benefícios. Confira:
O que são bioflocos?
Os bioflocos são partículas orgânicas que ficam suspensos na água ou aderidas nas paredes dos tanques ou viveiros de produção. Em cima dos bioflocos desenvolvem-se uma série de organismos como protozoários, fungos e microalgas.
Esses microorganismos retiram impurezas e compostos tóxicos da água e permitem o uso sustentável da água, pois possibilita a reutilização da mesma, sem a necessidade de trocas diárias.
Sistema sustentável
Como a piscicultura é uma atividade que utiliza um bem não renovável – a água – a questão da sustentabilidade é importante. Com a utilização dos bioflocos o nível de utilização da água é reduzido de maneira drástica. A necessidade de reposição da água é pequena, sendo necessário repor volumes baixos em consequência da evaporação.
O tratamento da água permite que ela seja constantemente reutilizada, desde que passe pelo processo constante de controle de índices. No mais, o restante do trabalho de decomposição de resíduos é feio naturalmente pelos bioflocos.
Utilização em lugares com pouco acesso à água
Em razão da pouca utilização e trocas de águas, o sistema de bioflocos pode ser bastante rentável para piscicultores de regiões com baixo acesso à água, como no semiárido e em regiões litorâneas em que normalmente não se considera a prática como atividade viável.
Pesquisa amazonense é destaque em revista científica
Uma pesquisa com os bioflocos realizada pelo Programa de Pós-Graduação em Aquicultura da Universidade Nilton Lins, no Amazonas, foi destaque na edição deste mês da revista da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), do Ministério da Educação.
A pesquisa mostra resultados que apontam um aumento da produtividade de até cinco vezes na criação de peixes como o tambaqui e a matrinxã no sistema de bioflocos. Outras vantagens apresentadas nas pesquisas, que são realizadas desde 2016, mostram que o uso dessa técnica na região reduz a manutenção e custos, além da perda de animais.