Nas florestas úmidas e nos bosques das Américas Central e do Sul vive um inseto de formas curiosas e ares mitológicos: o besouro-hércules (Dynastes hercules). Capaz de levantar nada menos do que 850 vezes o peso de seu próprio corpo, o nome do animal faz referência ao semideus da mitologia grega Hércules, famoso por sua força física.
A façanha do inseto tem relação com a presença de dois grandes chifres – um localizado na região da cabeça e outro no tórax –, que funcionam como uma espécie de alicate. Restrita apenas aos machos da espécie, a ‘arma’ de ataque e defesa costuma ser colocada para jogo nas disputas por território e, na conquista por uma fêmea durante o processo reprodutivo. Com a ajuda dessa estrutura, o animal consegue capturar e esmagar seus oponentes, muitas vezes ‘lançando-os’ para longe.
Integrante da família dos escaravelhos, ou Scarabaeidae, o besouro-hércules é considerado um verdadeiro gigante entre os insetos, podendo alcançar cerca de 17 centímetros de comprimento. De coloração esverdeada, amarelada ou castanha com tons metalizados, utiliza sua carapaça robusta para fazer alarde e assustar seus predadores, mantendo-os o mais distante possível.
Mas antes de se tornar um besourão para lá de imponente, o Dynastes hercules precisa enfrentar um longo processo de metamorfose que pode durar até 21 meses. Para se ter ideia, o estágio mais demorado da transformação leva 465 dias.
Seus taxa são predominantes nas florestas tropicais montanhosas e de planície do lado Pacífico da cordilheira dos Andes até a bacia do rio Amazonas.
Com hábitos crepuscular e noturno durante a fase adulta, é só depois que o sol começa a se pôr que o inseto sai para comer, buscando frutas no chão. Sua alimentação é diferente na fase imatura, principalmente no período larval, quando prefere madeira de árvores caídas.
Já no estágio de pupa, o inseto não se alimenta e fica apenas fazendo a metamorfose. Mas uma coisa é certa, em ambas fases da vida (larva ou adulto), ele ajuda na decomposição de parte da matéria orgânica presente nas florestas, atuando como um ‘reciclador’ – por isso, o besouro-hércules desempenha um papel importante para a manutenção dos ecossistemas tropicais, contribuindo para a fertilidade do solo, dentre muitas outras coisas.
*Com informações do Instituto Butantan