Pesquisadores defendem que a partir da divisão da Amazônia em cinco zonas é possível propor soluções sustentáveis específicas para cada área.
Com mais de 5 milhões de quilômetros quadrados, a Amazônia Legal abrange 59% do território brasileiro. São 9 estados (Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima, Tocantins e parte do Maranhão), totalizando 772 municípios.
Nesse sentido, é notável que existam diferenças socioeconômicas, culturais e naturais dentro do seu território. Por isso, pesquisadores do “Amazônia 2030” que consiste num projeto de estudos da região, propõem dividir a Amazônia em 5 macrozonas, com base na cobertura florestal remanescente.
Confira no Portal Amazônia que zonas seriam estas e quais as especificidades de cada uma de acordo com o estudo:
Cinco Amazônias
De acordo com a pesquisa “As cinco Amazônias: Bases para o desenvolvimento sustentável da Amazônia Legal” propõe que a partir da divisão da Amazônia em cinco zonas é possível propor soluções sustentáveis específicas para cada zona.
Estas zonas seriam divididas em:
1 – Amazônia Florestal
A Amazônia Florestal ocupa 39% do território da Amazônia legal e corresponde às áreas mais conservadas da floresta.
Localizada principalmente nos estados do Amazonas e no norte do estado do Pará, o estudo propõe que é preciso priorizar a conservação da floresta com ganhos sociais e econômicos.
Isso inclui apoiar a bioeconomia e investir em pagamentos por serviços ambientais com foco em REDD+ (que significa Redução de Emissões provenientes de Desmatamento e Degradação Florestal)
2 – Amazônia florestal sob pressão
Essa região abrange 29% da Amazônia Legal e corresponde aos municípios com extensa cobertura florestal, que sofrem com desmatamento crescente, extração ilegal de madeira, garimpo ilegal e grilagem de terras.
De acordo com o estudo, existem três medidas para essa área. Primeiro, é preciso uma ação coordenada de comando e controle com fiscalização ostensiva para coibir o desmatamento ilegal e a degradação florestal.
Segundo, é preciso evitar mudanças no marco legal de terras que possam legitimar e/ou incentivar a grilagem de florestas públicas. Além disso, é importante assegurar a proteção das florestas públicas transformando-as em Áreas Protegidas.
Por último, é necessário oferecer assistência técnica e crédito, especialmente para os pequenos agricultores, a fim de promover um melhor uso da terra nas áreas já desmatadas.
3 – Amazônia desmatada
Os municípios situados nessa região somam 115 da área da Amazônia Legal. A maior parte das áreas desmatadas nesta zona está subutilizada ou abandonada. Parte dessas áreas já sofreu degradação intensa pela exploração de madeira predatória. Segundo pesquisadores do “Amazônia 2030” há quatro macro agendas para esta zona.
Primeiro, é importante priorizar a regularização fundiária. Segundo, é necessário melhorar a qualidade da infraestrutura (estradas, internet) e serviços de educação e saúde, especialmente nos municípios com maior proporção de áreas desmatadas abandonadas.
Terceiro, é possível melhorar o uso da terra por meio da intensificação da agropecuária. Por último, há excelentes oportunidades para a restauração florestal nas áreas desmatadas e para o reflorestamento ligado ao setor de papel e celulose que podem ser explorados.
4 – Amazônia não florestal (cerrado)
A Amazônia não florestal corresponde a 21% da Amazônia Legal coberta principalmente pela vegetação do Cerrado. Concentra-se no Mato Grosso, Tocantins e Roraima..
Esta zona possui melhor rede de estradas, infraestrutura e internet quando comparada ao restante da Amazônia, e tem predomínio da cultura da soja. Ela compartilha os problemas e as recomendações para a Amazônia desmatada.
A implementação do Código Florestal é fundamental para conservar a biodiversidade da vegetação e proteger os mananciais de água. Nesta zona, há boas oportunidades econômicas para restauração florestal, reflorestamento, sistemas agroflorestais e perspectivas para uma agricultura de baixo carbono.
5 – Amazônia urbana
A maioria da população da Amazônia Legal reside nas zonas urbanas. Contudo, as cidades possuem infraestrutura precária e serviços públicos inferiores comparados à áreas urbanas do restante do país.
Além disso, apesar do clima tropical quente e úmido, a arborização é escassa e com taxas inferiores às cidades do restante do país. Apesar das condições precárias, a maioria dos postos de trabalho (80%) está nas cidades. Por essa razão, é importante ampliar significativamente a oferta de ensino profissionalizante com foco nos jovens e jovens adultos na zona urbana.
Vale ressaltar que as sugestões para políticas públicas a cada uma das zonas não são excludentes. Algumas das propostas podem ser adotadas em todas as zonas como – é o caso do mercado de carbono florestal por meio do mecanismo REDD+ (Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação Florestal) e da criação e consolidação de Áreas Protegidas.