Armadilhas fotográficas são usadas para monitorar predadores e jacarés na Amazônia

A tecnologia a serviço da ciência não é novidade no Instituto Mamirauá, que realiza estudos pioneiros no monitoramento de ninhos de tartarugas com drones. Dessa vez, uma pesquisa utilizou armadilhas fotográficas para registros de predadores e comportamentos parentais do jacaré-açu, Melanosuchus niger.

 

De setembro de 2018 a janeiro de 2019, armadilhas fotográficas foram utilizadas para monitorar 10 ninhos da espécie na Reserva de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá, localizada na região do Médio Solimões, no estado do Amazonas.

 

Foto: Divulgação/ Instituto Mamirauá

O objetivo do monitoramento foi identificar os predadores de ovos do maior jacaré das Américas e também os comportamentos de defesa da espécie.

 

Resultados

 

Dos dez ninhos, quatro foram alvos de ataques de predadores. O jacuraru (Tubinambis teguixin) e a onça-pintada (Panthera onca) foram os predadores mais frequentes, seguido por macaco prego (Sapajus macrocephalus) e gambá comum (Didelphis marsupialis).

 

Pela primeira vez foi feito o registro de um gavião-preto predando ovos de um ninho, quatro dias após o ataque de uma onça.

“Isso demonstra uma maior suscetibilidade dos ovos de ninhos que já apresentaram um primeiro evento de predação”, define o estudo intitulado “Camera trap no registro de predadores de ovos e comportamento parental de Melanosuchus niger (Crocodylia: Alligatoridae) em uma área de várzea na Amazônia”, de autoria de Fernanda Pereira Silva e Robinson Botero-Arias, pesquisadores do Programa de Pesquisa em Conservação e Manejo de Jacarés do Instituto Mamirauá, organização social fomentada pelo Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC).

 

Além dos ataques, foram avaliados os cuidados parentais das fêmeas de jacaré-açu.

 

Em seis ninhos foi registrada a presença próxima das jacaroas. Em dois ninhos, foi registrada a defesa da fêmea quando houve ataque do jacuraru. “A fêmea cuida do ninho para proteger os ovos, ajudam nas fases de eclosão e permanecem ao lado dos filhotes recém eclodidos por meses. Elas ficam na margem das águas, próximas ao ninho, e em terra, próximas à borda, ao lado ou em cima do ninho”, explica Fernanda.

“A permanência da fêmea próxima ao ninho é provavelmente uma estratégia para diminuir a frequência de predação, mas nem sempre será garantido o sucesso de eclosão”, definem os autores da pesquisa, que conta com o apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

 

O estudo foi apresentado no 16º Simpósio sobre Conservação e Manejo Participativo na Amazônia (Simcon), que aconteceu no município de Tefé, no estado do Amazonas, entre os dias 3 e 5 de julho.

Publicidade
Publicidade

Relacionadas:

Mais acessadas:

1° do Norte: autor amapaense Gian Danton recebe principal título dos quadrinhos no país

Com mais de 30 anos de carreira, Gian Danton consolida posição de Mestre do Quadrinho Nacional entre os principais nomes do país. Título é considerado o mais importante do Prêmio Angelo Agostini.

Leia também

Publicidade