O barco hospital retorna à navegação e para os ribeirinhos

A esperança entre os ribeirinhos e profissionais da navegação era imensa para ver o retorno desse barco no rio Madeira e atender com qualidade a população amazônica.

O barco hospital Dr. Floriano Riva Filho, construído em 2004 no Estaleiro Rio Negro – ERIN em Manaus, voltou a exercer sua função social e humanitária junto aos Distritos de São Carlos, Nazaré e Calama pertencentes ao Município de Porto Velho, estado de Rondônia. A esperança entre os ribeirinhos e profissionais da navegação era imensa para ver o retorno desse barco no rio Madeira e atender com qualidade a população amazônica.

Barco hospital no Terminal do Cain’água em Porto Velh/Foto: Lucileyde Feitosa, 2021.

Depois de oito anos de espera e com a ajuda de uma emenda parlamentar no valor de R$ 300 mil e recursos da Prefeitura de Porto Velho no valor de R$ 800 mil, totalizando R$ 1,1 milhão segundo a Superintendência Municipal de Comunicação (SMC).

AstraZeneca na qual atendeu todos os públicos e doses da Pfizer para grávidas e puérperas.

A prestação do serviço foi muito bem avaliada pelos moradores e visitantes que estavam nas comunidades ribeirinhas, principalmente porque houve a vacinação em massa da primeira dose das vacinas da Covid-19 (Astrazenica e Pfizer) e a previsão de retorno da equipe multidisciplinar deverá ser em agosto ou setembro para o reforço da segunda dose da vacina.

O retorno do barco hospital tornou-se muito importante nessa pandemia e pelo aumento de fluxo de pessoas nas comunidades ribeirinhas atraídas pela atividade garimpeira. A moradora Glorinha fala da importância do retorno da embarcação no Baixo Madeira:

O barco hospital facilita muito o atendimento das pessoas, a gente não vem a cidade todos os dias, nem todos os meses. E sem falar que não temos dinheiro para comprar remédios, principalmente os antibióticos que são caros e necessitam de receita médica. Quando se é atendido no barco hospital se sai com os remédios e isso ajuda muito quem mora nessas beiradas de rio.

As comunidades ribeirinhas podem contar com o barco hospital, pois uma nova história da navegação começa a ser escrita. Além disso, é preciso o reforço das “ambulanchas” equipadas, ampliação de equipes com as seguintes especialidades: fisioterapeutas, psicólogos e/ou terapeutas, médicos (geriatra, pediatra, neurologista) para colaborarem na reabilitação, saúde e bem-estar da população ribeirinha que carece desses profissionais nessas áreas de difícil acesso.

Ampliar o atendimento médico, com equipe multidisciplinar, continua sendo de extrema importância para auxiliar os ribeirinhos na prevenção e assistências necessárias, desde o socorro numa situação de afogamento, ataques de arraias, jacarés e cobras venenosas (pico de jaca, coral e jararaca), problemas de pele (coceiras e alergias) nas crianças como Acidente Vascular Cerebral (AVC) em um idoso. 

o Dr. Floriano Riva retornou à navegação no Madeira para levar atendimento básico em saúde aos habitantes dessa Amazônia ribeirinha.

A volta à navegação no Madeira…

No dia 9 de junho de 2021, o barco Dr. Floriano Riva Filho saiu por volta das 11 horas do Terminal do Cain’água em direção as comunidades ribeirinhas do Baixo Madeira. Contou com a participação de trinta profissionais de saúde e Instituições parceiras de acordo com a Prefeitura de Porto Velho e ofertou mais de 15 tipos de atendimento: exames preventivos, Planejamento Reprodutivo com Inserção de DIU, Atendimento ao pré-natal, Testes rápidos, consultas, vacinação contra a Covid-19 e H1N1, educação em saúde, testes rápidos para Covid-19, exames laboratoriais básicos, entre outros.


Barco Hospital atracado à margem do Distrito de Nazaré/ Fonte: Emídio Oliveira,2021.

Em tempo de pandemia da Covid-19 o barco atendeu 7 mil ribeirinhos, sendo destacada a vacinação da população imunizada com a primeira dose da vacina.

Dessa maneira, o trabalho de Educação em Saúde é primordial na prevenção e orientações básicas aos ribeirinhos para que consigam se proteger dos riscos diversos, muitos ligados aos fenômenos naturais (raios e temporais), animais peçonhentos e venenosos, doenças infecciosas, mas com informações de qualidade podem lidar com essas situações de riscos nos locais que moram ou trabalham.

A história dessa embarcação, ao longo dos seus 17 anos, tem sido marcada por vários acontecimentos e a Coluna Amazônia Ribeirinha deseja vida longa ao barco hospital Dr. Floriano Riva Filho para que o novo capítulo de sua navegação seja escrito com muito sucesso, cumpra à sua missão de salvar vidas, especialmente nessa pandemia e no reforço ao atendimento junto aos postos de saúde nos Distritos do Baixo Madeira.

Posto de saúde em Calama/Foto: Lucileyde Feitosa, 2021.

Que esta experiência de Olhar Amazônia com pertencimento e justiça social possa ser multiplicada para a definição de campos possíveis de ação nas políticas públicas destinadas às populações ribeirinhas. Continue nos acompanhando e envie suas sugestões no e-mail:

Lucileyde Feitosa

Professora, Pós-Doutoranda em Comunicação e Sociedade (Universidade do Minho/Portugal), Doutora em Geografia/UFPR, Integrante do Movimento Jornalismo e Ciência na Amazônia e colunista da Rádio CBN Amazônia/Porto Velho.

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