Um grupo de pesquisadores peruanos está desenvolvendo uma vacina para espécies de peixes como a truta, bem como para variedades amazônicas, o que constituiria um grande avanço porque os antibióticos seriam deixados de lado e as imunizações seriam injetadas e combateriam diversas bactérias a que eles estão sujeitos.
Atualmente, a pesquisa está em fase de testes, na qual os pesquisadores estão ajustando detalhes e continuam a realizar verificações com o objetivo de identificar a eficácia da vacina.
A constatação é do PhD Jefferson Yunis Aguinaga, especialista em aquicultura e pesquisador da Universidade Científica do Sul no Peru, que informou que até o momento pesquisadores trabalham nas regiões de Junín e Puno com trutas; em Loreto, com gamitanas (tambaquis) – trabalho conjunto realizado com o Instituto Peruano de Pesquisas da Amazônia; e em San Martín, na província de Moyobamba, com tilápias e tambaqui.
Embora possa não parecer possível, tal como os humanos, os peixes também podem ser vacinados e por razões semelhantes. Quando o peixe é criado em grandes quantidades para venda, normalmente utilizam-se antibióticos para combater infeções, mas hoje estão a ser substituídos por vacinas, explicou o cientista.
A este respeito, especificou que, na aquicultura, assim como na pecuária, os peixes são tratados para as bactérias que apresentam. No entanto, com o tempo, as bactérias param de responder aos medicamentos, tornando as infecções mais difíceis de tratar e aumentando o risco de propagação de doenças e morte.
Yunis Aguinaga explicou que também trabalharam com probióticos, mas a vacinação “nos deu melhores resultados”. De acordo com as informações prestadas sobre os estudos, o grupo de pesquisadores peruanos desenvolveu uma extensa vacina para peixes, cujo objetivo é ser aplicada em campo.
Como acontece em qualquer projeto de vacinação, os pesquisadores desenharam vários protótipos em nível de laboratório e testaram alguns deles em campo em espécies como trutas e peixes amazônicos.
Afirmou então que, com as informações obtidas, foi realizada a vacinação de um grande número de peixes em diversas pisciculturas e os resultados foram avaliados.
Até o momento, Jefferson Yunis, junto com seis alunos de tese da Universidade Científica do Sul, realizaram a vacinação na piscicultura Pucayagro em Moyobamba, San Martín, vacinando mais de 20.000 peixes.
“Este é o primeiro trabalho publicado no mundo que aborda vacinas para peixes na Amazônia“, destacou Yunis, indicando que para a realização do projeto receberam recursos do Conselho Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação Tecnológica (Concytec) e o Imarpe. O estudo foi publicado na revista científica Aquaculture Reports.
Como a vacina é aplicada nos peixes?
Ao contrário do processo de vacinação conhecido, no caso dos peixes existem duas metodologias dependendo do tamanho do peixe: por imersão, no caso dos peixes pequenos; e por injeção, no caso de peixes grandes.
Jefferson Yunis afirma a esse respeito que no processo de imersão, pequenos peixes são imersos em um banho-maria de aproximadamente 20 litros, no qual foi previamente colocada uma quantidade de vacina líquida. “Isso dura um minuto e meio ou dois minutos. Depois os peixes vão para o lago normal”, disse Jefferson .
Quando ficam maiores, os peixes recebem uma injeção.
Como são realizadas as interações com as pisciculturas?
Como as interações não são as mesmas em laboratório e em campo, os pesquisadores precisam realizar testes em pisciculturas para poder ver a evolução da eficácia da vacina neste espaço.
Além das intervenções realizadas para identificar a evolução do estado vacinal, os investigadores do projeto realizam diagnósticos para identificar as doenças específicas de cada local e o seu dinamismo.
Neste sentido, sustentou que devido ao transporte de peixes as doenças circulam entre regiões. É um processo em que, embora sejam colhidas amostras para análise, nem todos os peixes são vacinados, porque um processo de imunização envolve monitoramento.
Importância do projeto
Embora o projeto busque chegar à versão final da vacina para sua implementação inicial em Loreto e San Martín, a ideia dos pesquisadores é poder estender seu uso em todas as regiões do país.
A este respeito, Yunis anunciou que se leva em consideração que em cada região os peixes enfrentam diferentes patógenos.
Atualmente os países amazônicos não possuem informações sobre esta alternativa e nesta situação os produtores da nossa selva se sentem desarmados e não têm muitas opções. Com o referido projeto, está sendo proporcionada uma nova perspectiva que pode ser utilizada e ajudar na aquicultura no país, especialmente na Amazônia.
Também participaram da pesquisa os pesquisadores Jhoanna Coaguila-Davila da Universidade Científica do Sul, Carla Fernandez-Espinel do Instituto do Mar do Peru, Violeta Flores-Dominick do Instituto do Mar do Peru e Marco Medina-Morillo do Instituto do Mar do Peru. Peru e Luis Gonzalez-Callirgos da piscicultura Pucayagro.
*Por informações da Agência Andina