Foto: Divulgação/Zona Arqueológica de Caral
Um novo sítio arqueológico foi inaugurado na Zona Arqueológica de Caral, no Peru. Trata-se de Peñico, um monumento localizado no Vale do Supe, que seus descobridores chamam de “Cidade da Integração Social” para as populações da região, localizada na província de Huaura, em Lima.
Durante a apresentação dos resultados de oito anos de pesquisa em Peñico, a arqueóloga Ruth Shady afirmou que “este centro urbano se desenvolveu seguindo a tradição cultural de Caral”.
Devido à sua localização estratégica, Peñico reuniu moradores do litoral e das montanhas de Supe e Huaura, bem como aqueles que viviam nas áreas andina, andino-amazônica e alto-andina da região.
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Pesquisadores do Ministério da Cultura identificaram até agora 18 estruturas em Peñico, incluindo grandes e pequenos edifícios públicos e complexos residenciais.
Entre elas, destaca-se o Salão Cerimonial dos Pututos, pelos seus relevos com esculturas e com desenhos de pututus, instrumentos musicais representados nas paredes de um salão quadrangular.
Esculturas de argila crua representando figuras antropomórficas, zoomórficas e objetos cerimoniais também foram encontradas no local, bem como colares feitos com contas de vários materiais, artefatos de pedra e outros pequenos itens.

O que Peñico ensina?
Os trabalhos de pesquisa e desenvolvimento no centro urbano de Peñico começaram em 2017. Shady indicou que este é o quarto sítio arqueológico vinculado à Civilização Caral acessível ao público em geral.
“Peñico se junta aos sítios arqueológicos que podem ser visitados sob nossa gestão: a Cidade Sagrada de Caral, a cidade pesqueira de Áspero e a cidade agrícola e pesqueira de Vichama”, acrescentou.
A arqueóloga indicou que a importância histórica desta cidade reside também no fato de conter elementos que nos permitirão aprofundar as crises que esta civilização enfrentou entre 1800 e 1500 a.C..

Ela especificou que esta situação estava relacionada às mudanças climáticas, que geraram secas e afetaram as atividades agrícolas na região.
Sahdy sentiu que era necessário aprender sobre essa experiência para determinar como os moradores de Caral lidaram com uma situação que ocorre até hoje. Ela também observou que as descobertas em Peñico reafirmam a interconexão que os habitantes de Caral mantinham com outras regiões do Peru, incluindo as regiões andina e amazônica. É por isso que ela pode ser considerada “uma cidade de integração”.
O pesquisador também considerou esse um fator a ser levado em conta para entender a necessidade de integração dos diversos setores do país.
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Importante centro urbano

Por sua vez, Mauro Ordoñez, responsável pelo sítio arqueológico de Peñico, declarou à Agência Andina de Notícias que se tratava de um centro urbano, como evidenciado pelos diversos edifícios públicos ali encontrados. O mais notável deles é o recinto que abriga o ‘Salão dos Pututos’.
Estes, como se sabe, são instrumentos musicais feitos de conchas de moluscos e eram usados para convocar reuniões e anunciar eventos importantes, aproveitando a potência do som que podiam gerar. No caso do edifício descoberto, os pututos foram representados nas paredes de um salão quadrangular.
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Ordoñez explicou que se trata de uma estrutura de grande porte, cujo uso está sendo investigado, e que está localizada em um afloramento natural. Devido ao seu tamanho e características, esta teria sido a edificação mais importante do sítio.
Em outro dos 18 edifícios públicos descobertos, foram encontradas estatuetas e esculturas de diversos formatos. Várias delas retratam macacos e primatas, demonstrando o conhecimento que existia em Caral sobre a Amazônia.
Algo semelhante também pode ser observado em outro recinto, localizado em uma praça quadrangular, onde se encontra uma representação gráfica de um primata. As esculturas encontradas também são policromadas.
Segurança para todos
Ruth Shady também anunciou que está sendo estudada a possibilidade de contratar uma entidade privada para prestar serviços de segurança na área, a fim de salvaguardar a integridade dos sítios arqueológicos ligados à civilização Caral, bem como a segurança de pesquisadores e visitantes. “Poderemos contratar uma empresa para fornecer defesa, já que ainda não temos polícia”, disse ele.
Neste sentido, manifestou a esperança de que a presença da Polícia Nacional possa ser permanente, como aconteceu nos anos anteriores.
Ela também convidou o público em geral a estar presente em Peñico no sábado, dia 12 de julho, quando serão apresentados os avanços alcançados até o momento na investigação deste sítio, bem como as facilidades que foram implementadas para divulgar essas descobertas.
*Com informações da Agência Andina
