Foto: Reprodução/Agência Andina
Pesquisadores do Instituto Peruano de Pesquisas da Amazônia (IIAP) realizam um estudo para determinar os fluxos de gases de efeito estufa em uma floresta inundada na selva de Loreto, o comportamento ambiental dos aguajales e sua contribuição para a captura de dióxido de carbono, destacou o Ministério de Meio Ambiente (Minam).
A pesquisa é realizada com o apoio de uma torre de 42 metros de altura, com dispositivos tecnológicos e sensores de alta precisão colocados em sua parte mais alta e no solo, bem como em árvores e palmeiras.
Com o apoio desta tecnologia, os especialistas do IIAP monitoram a dinâmica destes espaços florestais amazônicos onde predomina o aguaje, um tipo de palmeira que abunda em áreas propensas a inundações (aguajajes) que armazenam milhões de toneladas de matéria orgânica em diferentes estados de saúde sob sua superfície, conhecidas como turfeiras.
Segundo Lizardo Fachin, pesquisador do IIAP, graças a esta torre são geradas informações sobre o dióxido de carbono e outras informações como o metano e o óxido nitroso que são capturados nos aguajales. Para esta pesquisa, os cientistas utilizam a metodologia Eddy Covariance, que mede a troca de gases entre o ecossistema e a atmosfera. Isto ajuda a compreender o papel que o território desempenha: se seu comportamento é como emissor ou sumidouro de carbono.
“Aqui observamos a situação situacional de um aguajal próximo à cidade de Iquitos, à rodovia e às comunidades onde há intervenção humana. É assim que recolhemos dados para compreender e analisar o que acontece com outras zonas úmidas que estão localizadas perto de uma cidade com elevada intervenção humana”, comentou Jhon Rengifo, especialista do IIAP.
Três vezes por semana, ele realiza a tarefa de subir na torre, com todas as medidas de segurança, para coletar as informações registradas pelos sensores. Essa tarefa leva aproximadamente 30 minutos, graças à sua capacidade de escalar uma alta estrutura metálica.
Isto permite a medição simultânea da direção do vento turbulento e das variações na concentração de gases de efeito estufa. Com os dados registrados simultaneamente milhares de vezes por minuto e por meio de uma série de equações, são obtidas estimativas do movimento dos gases que saem e entram no aguajal.
Tudo isso seguindo padrões internacionais estabelecidos por diferentes organizações, as mesmas que contribuem para uma base de dados internacional FLUXNET, da qual o IIAP faz parte através da AmeriFlux. Este projeto setorial teve início em 2018 com o apoio do ‘Projeto SWAM’ da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional e do Departamento de Energia daquele país, bem como de outras instituições internacionais.
Aguajales em Loreto
Esta torre foi instalada no final de 2018 e é a primeira do gênero situada num aguajal do Complexo Turístico de Quistococha da Governo Regional de Loreto. A informação especializada é tratada pela equipa do IIAP e por especialistas estrangeiros antes de ser reportada às entidades competentes. A informação gerada é de vital utilidade para as autoridades nacionais que a aplicarão nas suas diretrizes e planos ambientais.
Atualmente, estima-se que em Loreto existam cinco milhões de hectares de aguajales, o que representa 3 bilhões de toneladas de carbono armazenadas na forma de turfeiras. Conhecer o seu comportamento e importância é muito importante para ajudar a mitigar as alterações climáticas.
*Com informações da Agência Andina