Na pesquisa foi revelado que houve um aumento no número de incêndios no bioma amazônico, o que gerou uma maior liberação de carbono negro na atmosfera.
A Cordilheira dos Andes concentra 99% das geleiras tropicais do mundo, sendo 71% no Peru, conforme dados da Organização das Nações Unidas (ONU). A Cordilheira dos Andes é caracterizada como um dos principais símbolos da Amazônia Internacional, em seu território estão Equador, Peru, Bolívia, Venezuela, Colômbia,Chile e Argentina, tendo um papel vital para o fornecimento e abastecimento de água para mais de 95 milhões de habitantes.
Durante o período de seca, é ocasionado o derretimento das geleiras representando uma perda enorme para o suprimento de água de diversos países. De acordo com a ONU, o desaparecimento das geleiras em algumas das mais altas cadeias de montanhas do mundo afetará mais de 2 bilhões de pessoas.
Um estudo inédito divulgado em maio de 2022 pela MapBiomas (organização que pesquisa causas ambientais), mostrou que quase metade das geleiras da Cordilheira dos Andes foram derretidas nos últimos 30 anos, a dimensão da área passou de 2.429,38 km2 para 1.409,11 km2 em três décadas.
O estudo foi produzido a partir de um mapeamento de imagens de satélite entre 1985 e 2020. Segundo o levantamento, o maior volume de queimadas na floresta amazônica está entre os principais motivos para o degelo da região. Os pesquisadores que estiveram à frente do estudo, confirmaram que o aumento no número de incêndios no bioma gerou uma maior liberação de carbono negro na atmosfera, elemento que tem origem da combustão de madeiras ou combustíveis fósseis.
A pesquisa também indicou que as geleiras mais afetadas são as que estão localizadas a menos de 5 mil metros acima do nível do mar e que em 30 anos perderam quase 80,25% de sua área. De acordo com os ambientalistas, a aceleração foi mais significativa a partir de 1995, por conta das mudanças climáticas geradas pelo aquecimento global.
Os estudiosos também explicam que o Brasil pode enfrentar diversos impactos ambientais nos próximos anos, caso nenhuma intervenção seja feita. O coordenador da equipe Amazônia do MapBiomas, Carlos Souza Jr, adiantou que as consequências do degelo já podem ser vistas no país, mesmo que de forma tímida.
Outras consequências
Em 1985, apenas 6% (cerca de 50 milhões de hectares) da Amazônia haviam sido transformados em áreas antrópicas, como pastagens, lavouras, garimpos ou áreas urbanas. Em 2021, essa mesma área quase triplicou, chegando a 15% (quase 125 milhões de hectares) de toda a região. Foi uma perda líquida de quase 10% de sua vegetação natural em apenas 37 anos. A magnitude da destruição varia de um país para outro: no Suriname, na Guiana e na Guiana Francesa é de apenas 1,6%, mas no Brasil chega a 19%. Esse percentual está muito próximo do ponto de inflexão ou ponto sem retorno, calculado pelos cientistas na faixa entre 20% e 25% de perda da cobertura vegetal.
Se a tendência atual verificada pelo MapBiomas Amazônia continuar, o bioma, que é um sumidouro de carbono de importância planetária, chegará a um ponto sem volta, afetando irreversivelmente seus serviços ecossistêmicos, e poderá se tornar uma savana.
Os resultados do estudo realizado por pesquisadores da MapBiomas foi apresentado em um congresso internacional sobre a conservação da Amazônia, confira: