Uma das manifestações coreográficas mais belas do Pará, o Siriá é dançado em pares e ritmado por atabaques
A mais famosa dança folclórica do município de Cametá é uma das manifestações coreográficas mais belas do Pará. Dançado em pares, o Siriá é ritmado por atabaques. São duas fileiras de pares, com os homens recurvados e as mulheres requebrando os quadris, que iniciam a coreografia com a parte chamada “namoro”.
O ritmo começa lento, e, à medida que os versos vão-se desenvolvendo, a velocidade vai crescendo. A coreografia segue indicações do canto, e, no refrão, os pares fazem volteios com o corpo. O acompanhamento musical é geralmente feito por reco-reco, ganzá, tambores, banjo, flauta, pandeiro grande e maracá.
Observam-se, na movimentação coreográfica, detalhes como ritmo semelhante ao batuque africano, bem como a expressão corporal recurvada em certos momentos – característica das danças indígenas – e movimentos de braços para cima, como em várias danças folclóricas portuguesas.
A dança expressa gratidão dos indígenas e escravos africanos por um milagre. Conta-se que depois de um dia exaustivo de trabalho, os escravos eram liberados, sob fiscalização, para conseguir algo para comer. Certo dia foram à praia e encontraram grandes quantidades de siris que se deixavam apanhar facilmente. Em agradecimento, ensaiaram uma dança e deram o nome de Siriá, que narra o fato.
O nome surgiu por distorção linguística. A influência racial até hoje, em alguns lugares da Amazônia, é refletida na pronuncia de determinadas palavras. Um exemplo está na terminação de alguns nomes: “cafezal” chamam de “cafezá”, “milharal” chamam de “milhará”. A abundância de siris foi batizada de “siriá”.
O Siriá possui um vestuário parecido com o do carimbó. As mulheres usam blusas de renda branca, saias rodadas, pulseiras, colares e enfeites coloridos na cabeça. Os homens vestem calças em tons escuros e camisas coloridas amarradas na frente. Eles também usam chapéus de palha enfeitados com flores, que as damas retiram para demonstrar alegria.