Alguns filhotes apresentam características físicas e comportamentais curiosas para sobreviver na Amazônia.
Ser filhote no mundo selvagem não é fácil e chegar na fase adulta é um dos maiores desafios para muitas das espécies de animais na natureza. São várias as ameaças, desde competidores, predadores (às vezes até da mesma espécie!) e até a destruição dos habitats. Alguns filhotes apresentam características físicas e comportamentais curiosas para sobreviver na Amazônia, então que tal conhecer alguns exemplos desses animais?
Ciganas (saiba mais informações sobre a cigana)
Os filhotes de ciganas (Opisthocomus hoazin) são verdadeiros mestres na arte de fugir dos predadores. Essas aves, que habitam as zonas pantanosas e alagadas das bacias hidrográficas do Amazonas e Orinoco, quando filhotes adotam diferentes estratégias, que vão desde escaladas até se jogar do ninho, tudo para garantir a sua sobrevivência. Os filhotes de cigana apesar de nascerem já com os olhos abertos e com penugem, permanecem no ninho por um tempo, quando iniciam rápidas explorações ao redor.
Os recém-nascidos possuem garras no polegar e no indicador, e assim são capazes de escalar nos galhos das árvores, com grande agilidade, até que as asas sejam fortes o suficiente para sustentar o voo. Estas garras desaparecem quando o pássaro atinge a idade adulta. Quando ameaçados, desde os dois ou três dias de idade, os filhotes se jogam do ninho no solo ou na água abaixo (uma altura de 2-5 m) e, em seguida, escalam ou nadam para salvar suas vidas até chegarem a galhos baixos que podem agarrar e usar para escalar de volta para o ninho quando for seguro. Parece ou não parece uma cena de filme de ação?
Anta (confira mais informações sobre a Anta)
Alguns animais podem adotar como mecanismo de defesa a variação ontogenética na coloração. Mas o que seria isso? A ontogenia se refere ao desenvolvimento de um determinado organismo, dessa forma, quando há variação ontogenética na coloração significa que existe diferença nas cores dos indivíduos nas diferentes fases da vida, ou seja, entre filhotes e adultos. É o que acontece com as antas, por exemplo.
Os filhotes de anta (espécie Tapirus terrestres), diferente dos adultos que possuem uma coloração acinzentada uniforme, são amarronzados e apresentam listras horizontais brancas no corpo, que desaparecem na quando completam 5 ou 8 meses de idade. Essas listras ajudam os filhotes a se esconder, pois camuflam o contorno do corpo do animal nas luzes e sombras da floresta tropical e juntamente com o comportamento de ficar imóveis, eles conseguem muitas vezes passar despercebidos dos predadores.
Girinos (saiba mais sobre os sapos-cururus)
Os girinos, fase larval dos sapos, pererecas e rãs, podem adotar diferentes estratégias de sobrevivência de acordo com a espécie a qual pertencem. Dentre os diferentes meios de defesa que os girinos adotam estão, por exemplo, o aposematismo e o comportamento de agregação. O aposematismo indica defesas químicas e, em alguns casos, advertem sua impalatabilidade, diminuindo a chance de serem capturados por seus predadores. Afinal, quem é que gosta de comer algo com gosto muito ruim, não é mesmo?
Em adição, o comportamento de indivíduos do mesmo grupo de se agregar cria um efeito geométrico, em que os animais posicionados no centro do grupo diminuem o próprio risco de predação através da proteção que é fornecida por outros indivíduos que o estão envolvendo. Outros benefícios obtidos pelo comportamento de agregação envolvem o aumento da probabilidade de detecção do predador e comunicação do risco de predação entre os indivíduos. Mais gente prestando atenção ao ambiente ao redor, mais chance de se notar logo a presença do predador. A impalatabilidade e agregação podem ser observados, por exemplo, nos sapos-cururus, uma das espécies de anfíbios mais conhecidas.
Jacarés (saiba mais sobre os jacarés da Amazônia)
Os filhotes de jacaré (como por exemplo dos gêneros, Caiman, Melanosuchus e Paleosuchus) utilizam de estratégias para sobreviver antes mesmo de “nascerem”. Isso porque quando os ovos estão para eclodir, o filhote vocaliza dentro do ovo para chamar a mãe. Essa é a forma dos pequenos jacarezinhos avisarem que já estão prontos para eclodir e pedir ajuda da sua mãe para quebrar a casca do ovo e para facilitar o processo de eclosão. Após o nascimento, os filhotes vão para água e já conseguem se alimentar por conta própria.
E apesar de parecerem independentes depois da eclosão, na prática não é bem assim. Isso porque os filhotes se mantêm próximos à mãe por cerca de dois anos (a depender da espécie) até iniciar as suas próprias famílias. Nesse período, quando ameaçados, os filhotes emitem uma vocalização típica que basicamente é um chamado de socorro para a mamãe que rapidamente chega para ajudar o filhote. Independentes sim, filhinhos da mamãe até os dois anos de idade, também.
É isso, pessoal! Espero que tenham gostado de conhecer um pouco mais sobre alguns dos filhotes de animais que ocorrem na Amazônia. Abraços de sucuri para vocês e até ao próximo texto com informações sobre a nossa exuberante fauna da amazônica!