A geração de resíduos sólidos urbanos no Brasil tem crescido consideravelmente, com um registro de 67 milhões de toneladas em 2010 para 79 milhões em 2019. Já pensou para onde vai o lixo produzido e a forma que ele é processado?
Você já parou para pensar quantos quilogramas de resíduos descartáveis um ser humano gera em média? Já pensou para onde vai o lixo produzido e a forma que ele é processado?
Segundo dados da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (ABRELPE), a geração de resíduos sólidos urbanos no Brasil tem crescido consideravelmente, com um registro de 67 milhões de toneladas em 2010 para 79 milhões em 2019. Enquanto que em 2010 cada habitante gerava cerca de 348 kg/ano por município, em 2019 passou a gerar cerca de 379 kg/ano.
Boa parte das metrópoles brasileiras adotam estratégias de coleta seletiva, como é o caso da cidade de Manaus, no Amazonas, que apesar de baixo nível de coleta é um dos que mais investe na área. Segundo dados da Secretaria Municipal de Limpeza Pública (SEMUSP-AM) da cidade, a cidade de Manaus possui estratégias para a coleta seletiva de resíduos, tais como: o agendamento para coleta de resíduos de tamanho grande (Sofás, Geladeiras e mesas por exemplo) de forma gratuitas, pontos de entrega voluntária (PEVs) espalhadas pela cidade, rotas de coletas de lixo padrões e possui também postos de coleta seletiva.
Além disso, há também incentivos no Brasil para coleta seletiva, como é o caso do programa Ecoenel que foi implementado em 2007 e até 2019 já estava presente em 273 municípios entre os estados do Ceará, Rio de Janeiro, São Paulo e Goiás. O programa incentiva a coleta seletiva através de descontos na conta de energia e dependo da quantidade de produtos que podem ser reciclados trocados, em São Paulo, é possível até mesmo zerar a fatura de energia.
O processamento de Reciclagem é feito de formas diferentes, para cada tipo de resíduo tem um tipo de processamento diferente, mas no geral é feito em quatro etapas, o descarte dos resíduos, a coleta, a seleção por tipos e só então a transformação em nova matéria-prima reciclada.
Por outro lado, é importante ressaltar que a implantação de programas como coleta seletiva e reciclagem de resíduos sólidos somente baseados no uso de instrumentos reguladores, ou seja, leis, decretos, etc.; não tem alcançado resultados significativos sem antes ocorrem campanhas de sensibilização da sociedade, uma vez que o cidadão é peça importante para o sucesso desses programas.
Um exemplo disso pôde ser observado recentemente na cidade de Manaus, quando a Câmara Municipal de Manaus (CMM) aprovou um Projeto de Lei, chamado de “lei das sacolas plásticas“. A Lei nº 485, que entrou em vigor dia 1º deste mês, proíbe a distribuição gratuita de sacolas plásticas na capital amazonense por parte dos estabelecimentos comerciais. Alguns dias depois devido a pressão da sociedade e o aumento exagerado dos preços das sacolas a lei foi revogada.
Ora, qualquer decisão que diminua o uso do plástico deveria ser bem recebida pela sociedade, desde que a mesma percebesse o benefício associado quando da adoção dessa atitude de mudança de comportamento, o que não ocorreu. A literatura indica que além da conscientização, nesses casos mecanismos de mercado, tal como um incentivo inicial a adoção dessa mudança de comportamento funciona de forma mais efetiva do que instrumentos reguladores.
Concomitantemente, a adoção de tais procedimentos sem um processo prévio de conscientização da sociedade sugere que os objetivos sejam outros e não o da melhoria da qualidade ambiental; e o que é pior, repassam um certo descrédito à importância das questões ambientais.
Isso ocorre também na coleta seletiva de resíduos, uma vez que ela existe, mas a separação dos resíduos nas residências não é realizada, ou seja, mais uma vez o processo todo perde efetividade.
Diante do exposto, sugere-se que é imprescindível um processo prévio de conscientização da sociedade antes da adoção ou implantação de qualquer mudança de comportamento no que diz respeito à questão ambiental .
Sobre os autores
Possui graduação em Engenharia de Pesca pela Universidade Federal do Ceará (1989), mestrado em Economia Rural pela Universidade Federal do Ceará (1992) e doutorado em Engenharia de Produção pela Universidade Federal de Santa Catarina (2005). Atualmente é professor Titular da Universidade Federal do Amazonas. Desenvolve pesquisas na área de Contabilidade Ambiental, Matemática Financeira e Econometria, com ênfase em Gestão Ambiental, atuando principalmente nas seguintes áreas: valoração ambiental, desenvolvimento sustentável, avaliação de impactos ambientais e gerenciamento de processos.
Contato: jbarbosa@ufam.edu.br
Graduando do curso de Ciências Econômicas da UFAM.
Contato: adoni.menezes@gmail.com
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