Relembre a história do amazonense que morreu na Segunda Guerra Mundial

Com exceção dos Estados de Rondônia, Roraima e Tocantins, a Região Norte do País, de certa forma, sofreu com as mortes dos combatentes de guerra.

São 8.934 quilômetros que separam a capital do Amazonas, no Brasil, da Alemanha, país que foi “palco” de tragédias que fizeram parte da Segunda Guerra Mundial de 1939 a 1945.

Apesar da distância geográfica e do Estado amazonense não estar diretamente no combate, a guerra influenciou até na economia local. De acordo com o historiador Abrahim Baze, mercadorias no geral e diversos gêneros alimentícios não chegavam na região em função do conflito. Além disso, navios brasileiros foram “colocados à pique” por submarinos alemães.

Contudo a influência da guerra não se resume apenas na economia. Perdas humanas também aconteceram, como o soldado Manuel Freitas Chagas. 

Foto: Reprodução/Manaus de Antigamente

Com exceção dos Estados de Rondônia, Roraima e Tocantins, a Região Norte do País, de certa forma, sofreu com as mortes dos combatentes de guerra: foram quatro mortos paraenses, um acreano e um amazonense. 

Histórico 

Nascido em 2 de outubro de 1920, Manuel era filho de Francisco André Chagas e Raimunda Nascimento Chagas. Tinha uma irmã cinco anos mais nova e ainda crianças ficaram órfãos. Na juventude, a irmã foi trabalhar e morar na Santa Casa de Misericórdia e ele morou com parentes na Avenida Joaquim Nabuco, no Centro de Manaus.

Alistamento

Devido a falta de oportunidade e perspectivas de melhora de vida em Manaus, Manuel decidiu se alistar como voluntário aos 17 anos em um navio da Escola Militar e foi servir no Rio de Janeiro. A sua expectativa era levar a irmã para viverem no Rio de Janeiro.

Quando estava prestes a dar baixa no Exército, quebrou uma arma e foi obrigado a permanecer mais tempo servindo. Por isso, em 1939, ano que a Segunda Guerra Mundial iniciou, ele ainda estava na ativa.

Manuel já estava na Itália quando outros soldados amazonenses começaram a serem enviados, pois havia embarcado no dia 2 de novembro de 1944, com a Força Expedicionária Brasileira (FEB).

Cartas à irmã 

Mesmo com o pouco contato com a irmã desde que se tornaram órfãos, Manuel Chagas ainda escrevia cartas para ela. Com a ida para a guerra, as cartas se tornaram melancólicas e, apesar de não expressar claramente, demonstrava incerteza de um retorno com vida.

Trajetória militar

Em 13 de abril de 1945, o então sargento Chagas saiu junto com uma patrulha de reconhecimento rumo ao Monte D’Aiano, na Itália. Ao se afastar da patrulha, descobriu um ninho de metralhadoras nazistas. Imediatamente voltou ao grupo, informando do acontecimento ao comandante e a patrulha partiu em direção ao local, surpreendendo um grupo de soldados alemães.

No dia seguinte, ainda com a mesma patrulha de reconhecimento, Chagas avistou uma casa aparentemente abandonada e se aproximou. Quando viu dois alemães saírem da casa, matou-os. Empolgado com a vitória, decidiu entrar na casa, mas acabou surpreendido por outros três alemães que estavam lá dentro e acabaram o matando.

Em Manaus, Regina recebeu a notícia da morte do irmão primeiro por um vizinho, que ouviu no rádio o nome dele incluído na lista dos mortos. Dias depois, o comunicado oficial chegou, por meio de um emissário do Ministério da Guerra. 

 Condecorações

 Em reconhecimento aos seus atos na época, o então presidente Getúlio Vargas, promoveu-o post mortem à graduação de 3º sargento. Manuel também foi condecorado pelo 5º Exército Norte Americano, ao qual a FEB estava subordinada, com a Medalha de Bronze, entregue por comissão militar norte-americana; com diploma e medalha Cruz de Combate de 1ª Classe da FEB, que descrevia seu ato heroico, em 1º de fevereiro de 1946, quase um ano após sua morte. E por fim, foi condecorado com medalha Sangue do Brasil, dedicada à soldados feridos ou mortos em combate.

Outra baixa

A história de Manuel está no livro ‘O Amazonas na 2ª Guerra Mundial – As notícias e a participação do Norte do Brasil’, dos historiadores Jorgemar Monteiro e Ênio Savacho. Segundo a publicação, outro amazonense teria morrido ainda na Guerra: o segundo tenente aviador Waldyr Paulino Pequeno de Melo. 

Waldyr estava em uma aeronave de transporte de carga Dakota C-47, pilotada por um militar norte-americano, que colidiu com outra aeronave ao levantar voo para realizar uma cobertura fotográfica de uma esquadrilha brasileira do 1° Grupo de Aviação de Caça.

Estima-se que pelo menos 100 amazonenses tenham integrado a Força Expedicionária Brasileira. 

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