Portal Amazônia responde: a sereia da Praia da Lua existiu mesmo?

Em 2006, uma suposta carcaça de uma sereia foi encontrada na Praia da Lua, em Manaus (AM) e chamou a atenção da mídia.

Ariel. Aquamarine. Madson. Ryn. Iara. Sabe o que esses nomes têm em comum? Todas são sereias que encantaram o mundo do entretenimento. A Iara, por exemplo, é uma bela sereia que vive nos rios do Amazonas. Mas ela não é a única sereia que encanta e apavora os amazonenses. Em 2006, uma  suposta carcaça de uma sereia foi encontrada na Praia da Lua e chamou a atenção da mídia.

De acordo com as informações da época, quem achou o corpo da sereia foi o vendedor ambulante José Augusto de Azevedo. Logo, o caso chamou a atenção dos amazonenses e a sereia da Praia da Lua ficou conhecida nas redes sociais.
Já a foto, que corria junto à informação, mostrava um ser pálido, uma espécie de peixe humanóide. A sereia possuía um rosto assustador com presas afiadas e barbatanas no lugar dos cabelos. Nem é preciso dizer que a internet ficou recheada de teorias.

Seria da Praia da Lua. Foto: Reprodução/Twitter

E aí, o Portal Amazônia questiona: a sereia da Praia da Lua existiu ou foi apenas um “delírio coletivo”? 

Sim, a foto é real, só que o local do registro não é a Praia da Lua. Na verdade, o clique é de um artista plástico da Flórida, nos Estados Unidos, que fez uma boneca baseada no ser mitológico dos mares.

Então como a imagem foi vinculada ao Amazonas? A ideia surgiu do produtor audiovisual Anderson Mendes, que queria se inscrever para um curso de mestrado e pensou em usar as lendas e notícias falsas como temática de seu artigo, em uma época onde o termo ‘fake news’ ainda não existia.

“Eu me inspirei na rádio novela ‘A Guerra dos Mundos’, de H.G. Wells, que quando foi transmitida causou histeria nos Estados Unidos, porque todos acreditavam que o planeta estava sendo atacado por seres especiais. A partir deste momento, comecei a refletir sobre o poder da comunicação”, explicou Anderson.

Foto: Reprodução/Twitter

Foi então, que Anderson encontrou a foto da sereia esculpida por um artista americano. “O cenário das fotos parecia muito o Amazonas. Por isso, decidi criar um texto de cunho jornalístico para ver qual seria a reação dos amazonenses. De início a sereia aparecia na Ponta Negra, mas achei obvio demais, então, mudei a localização para a Praia da Lua, por ser uma área mais afastada”, contou Anderson.

Para o texto de cunho jornalístico, o produtor criou dois personagens que, supostamente, teriam encontrado o cadáver da sereia: José Augusto (vendedor ambulante) e Lucivaldo Farias (barqueiro). E, também, para dar credibilidade à matéria, Mendes colocou a fala de um biólogo, que havia feito a autópsia do corpo da sereia e confirmou a existência dela.

Com a “reportagem” pronta, Anderson disparou o texto por e-mail. Depois de um mês, a história ‘viralizou’ em um jornal sensacionalista de Santarém, que publicou a notícia na capa com a manchete “Sereia aterroriza Manaus”. Inclusive, o tema virou debate em uma faculdade do Pará.

Foto: Reprodução/Youtube

Devido a repercussão, um jornal de Manaus encontrou o contato de Anderson e fez uma entrevista sobre a criação da sereia da Praia da Lua. A manchete foi: “A lenda da sereia de Manaus é farsa de publicitário”.

Vídeo

Apesar de ser descoberto, Mendes adaptou a versão do texto para a televisão com o intuito de colocar a lenda em outras mídias. Ele criou um programa sensacionalista fictício, “Chumbo Quente”, e convidou alguns amigos para interpretarem os personagens. Confira o vídeo:

“Publicamos em todas as redes sociais da época. Alcançamos um número grande de internautas. Conseguimos bater um milhão de visualizações em pouco tempo. Então, de novo, a história da sereia ganhou força. Anos depois um quadro do programa ‘Fantástico’ desmascarou o vídeo”, 

recordou Anderson.

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