Organizações indígenas do AM denunciam chegada de garimpeiros na região do Pico da Neblina

Associações temem a migração de garimpeiros após presenciarem máquinas no local. Carta foi enviada ao Ministério dos Povos Indígenas.

Organizações indígenas do Alto Rio Negro enviaram uma carta de denúncia à ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, relatando um aumento da presença de garimpeiros na Região do Pico da Neblina, no Amazonas.

Segundo a Associação Yanomami do Rio Cauaburis e Afluentes (AYRCA), a Associação de Mulheres Yanomami Kumirayoma (AMYK) e a Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro (FOIRN), há um movimento de pequenos garimpos manuais na região.

Na denúncia, as associações relatam que “nas últimas semanas foi percebido o aumento do trânsito de garimpeiros na área, sendo relatada também a chegada de maquinário para o grupo”.

Região onde Pico da Neblina fica é habitada por indígenas Yanomami. — Foto: Vanessa Marino

A carta fala ainda que um garimpeiro que foi baleado em conflito até chegou a ser levado para o Polo Base da Comunidade de Ariabu. No entanto, como não houve apoio dos indígenas para a remoção dele, uma liderança da área chegou a ser ameaçada de morte pelos familiares do homem.

Por fim, as organizações pediram que a Terra Indígena de Maturacá seja incluída nas ações de enfrentamento ao garimpo ilegal para maior segurança dos yanomami:

“Existe o receio por parte das populações Yanomami do Amazonas que, diante das ações de impedimento ao garimpo em Roraima, possa haver uma migração dos grupos de garimpeiros para outras áreas da terra indígena que não estão sob fiscalização”, denunciam.

Os garimpeiros que exploram minérios na Terra Indígena Yanomami fogem do território desde o início de ações do governo Lula (PT) para reprimir a atividade ilegal.

Os indígenas também denunciam que a área do Pico da Neblina é um dos locais de acesso para outros garimpos na Venezuela.

O município mais próximo do Pico da Neblina é São Gabriel da Cachoeira, no extremo noroeste do Amazonas. Para chegar até a formação rochosa, saindo da cidade, é preciso enfrentar mais de uma hora de estrada e cinco horas de viagem de barco. O acesso, no entanto, fica mais fácil para quem utiliza aeronave.

No aguardo de um posicionamento do Ministério dos Povos Indígenas. 

Por Matheus Castro, g1 AM

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