Morre Chico Caju, saxofonista referência da música de beiradão no Amazonas

Músico morreu aos 78 anos nesta sexta-feira (21). A causa da morte não foi divulgada.

Francisco Ferreira do Nascimento, mais conhecido como Chico Caju, ícone da música de beiradão no Amazonas, morreu nesta sexta-feira (21). A causa da morte não foi divulgada.

O saxofonista nasceu no dia 3 de outubro de 1943, em uma localidade rural na beira do Lago do Ajará, no município de Manaquiri, também no Amazonas. Um de seus ofícios no interior do Amazonas foi o trabalho na extração da Juta, Malva e o roçado.

Vindo de uma família de músicos teve seu contato com a música na infância. Seu pai tocava violino e seus irmãos tocavam banjo, pandeiro, e bateria. Com eles formou uma bandinha familiar durante um tempo.

Foto: Reprodução/Youtube-Cauxi Produções

Iniciou sua trajetória musical aos 12 ou 13 anos, como contava, com instrumentos como o pandeiro, bateria e até banjo, mas logo iniciou os estudos para tocar saxofone.

A trajetória saxofonista Chico Cajú foi construída nas festas realizadas nas sedes e beiradas das comunidades ribeirinhas dos interiores. Os festejos aconteciam em diferentes municípios amazonenses como Tabatinga, Manicoré, Tefé, Alvarães e até fora do Estado, como em Porto Velho (RO).

Carreira

Sua carreira discográfica começou nos anos 80 quando, em uma de suas apresentações nos festejos de São Pedro em Manaquiri, foi apresentado para Zé Milton, um radialista que o instigou a gravar uma fita com cinco de suas músicas autorais.

A fita foi aprovada e Chico viajou a Belém, no Pará. Ele esqueceu o seu sax, mas foi Pinduca quem conseguiu um saxofone de improviso e depois de limpeza e ajustes Caju conseguiu fazer suas gravações. Esta história acompanha o processo de gravação do primeiro e melhor disco, segundo o próprio artista. O disco também foi um sucesso de vendas atingindo 200.000 cópias.

Chico Caju também foi parceiro de diversos artistas amazonenses como a banda Alaídenegão. “Conheci o Chico Cajú em 2017 durante a pesquisa de mestrado que realizei sobre a música do beiradão, por intermédio do também pesquisador Rafael Branquinho. Sempre solícito, seu Chico compartilhou muito de sua experiência e conhecimento sobre a música popular em geral e claro sobre o beiradão, e durante o tempo em que convivemos pude gravar em vídeo seu depoimento sobre sua trajetória de vida”, conta o guitarrista na banda, Rafael Ângelo.

O relato está disponível no episódio 2 da web série ‘A Poética dos Beiradões’. Assista:

“Nosso último show foi em 2020, em São Paulo, onde lançamos o documentário em terras paulistas. Sua partida deixa o vazio e tristeza, pois perco uma grande referência como músico e pessoa”, lamenta Rafael Ângelo.

A neta do músico, Aline Guedes, deseja que o avô seja lembrado por seu legado: 

“O meu avô sempre foi um homem muito guerreiro e muito forte. Ele é o meu herói. Ele sempre amou a música e o sax dele, era sempre alegre e a gente sempre quer lembrar dele assim. Ele sempre foi um homem incrível, melhor pai, melhor avô, melhor tudo. É com muita tristeza que eu deixo essa mensagem, mas nós temos o legado dele e eu amo muito ele”.

Aline Guedes, neta de Chico Caju.

Publicidade
Publicidade

Relacionadas:

Mais acessadas:

Pará perde Mestre Laurentino; artista completaria 99 anos em janeiro de 2025

Natural da cidade de Ponta de Pedras, na Ilha do Marajó, ele era conhecido como o roqueiro mais antigo do Brasil.

Leia também

Publicidade