Manaus integra pesquisa de cooperação internacional sobre eficácia da vacina contra Covid-19

O estudo vai comparar os 67 mil trabalhadores da saúde, vacinados e não vacinados, que atuam em Manaus

Os sistemas de informação desenvolvidos e utilizados pela Prefeitura de Manaus para acompanhamento de dados sobre a Covid-19 na capital, estão servindo de base para uma pesquisa de cooperação internacional, que pretende avaliar a eficácia das vacinas utilizadas na imunização da população manauara contra o novo coronavírus, o Sars-Cov-2.

O estudo, primeiro a ser realizado no Brasil com este objetivo, conta com o apoio direto da Secretaria Municipal de Saúde (Semsa Manaus), junto com a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), sendo realizado por pesquisadores da Universidade de Brasília (UNB), Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas (FVS-AM).

O estudo vai comparar os 67 mil trabalhadores da saúde, vacinados e não vacinados, que atuam em Manaus, para verificar a eficácia da vacina CoronaVac sobre o novo coronavírus e sobre a nova variante (P1), descoberta recentemente no Amazonas por pesquisadores da Fiocruz.

Dos 67 mil trabalhadores cadastrados nos bancos de dados municipais, 54 mil já foram vacinados. Foto: João Viana / Semcom

Destaque

O médico infectologista Júlio Croda, pesquisador vinculado à Fiocruz e à Universidade Federal do Mato Grosso do Sul, destaca que a Prefeitura de Manaus conta com um sistema de informação robusto, com acesso e integrado a diversos bancos nacionais, capaz de gerar respostas rápidas.

“Queremos responder como a vacina funciona na prática e só Manaus pode dar essa informação no momento. Além disso, Manaus e o Amazonas figuram entre os municípios e Estados, respectivamente, que mais vacinaram nesta etapa inicial da campanha, o que representa outra condição muito importante para avaliar a vacina aqui, confirmando uma infraestrutura muito boa para o tipo de avaliação científica que se pretende”, informa.

Pioneirismo

Júlio Croda destaca que o estudo, primeiro a ser realizado no Brasil com este objetivo, deve ajudar organismos de assistência e pesquisa nacionais e estrangeiros a responder qual o impacto da vacina no que diz respeito à proteção das pessoas, a partir de informações analisadas de forma sequencial, por meio de um estudo de coorte, em que os dados são vistos em intervalos periódicos e, neste caso, a partir das plataformas eletrônicas. Segundo o pesquisador, os trabalhos tiveram início no último dia 10 e devem gerar um resultado parcial até o final deste mês.

O diretor do Departamento de Tecnologia da Informação da Semsa, Mário Torres, informa que no estudo estão sendo utilizados dez sistemas de informação, três deles desenvolvidos pela próprio órgão, um da FVS-AM e seis do Ministério da Saúde, que funcionam de modo integrado e viabilizam a extração e o cruzamento dos dados de interesse.

Entre esses dados estão os sociodemográficos, relacionados a sexo, idade e outros indicadores relativos ao indivíduo; e os epidemiológicos, que incluem informações clínicas e laboratoriais, como resultados de testes de diagnóstico, internações e sintomas de doenças.

“No total, serão cruzadas aproximadamente 300 variáveis, que vão indicar se as pessoas vacinadas adoeceram de Covid, se adoeceram mais do que as não vacinadas, se as que adoeceram tiveram sintomas graves com necessidade de internação ou UTI, qual o perfil dessas pessoas e inúmeras outras informações importantes, para orientar os setores de pesquisa e assistência”, explica Mário Torres.

Os pesquisadores, juntamente com a Opas, devem realizar uma segunda pesquisa do tipo, para avaliar os idosos de 70 anos ou mais, que também fazem parte do grupo prioritário da primeira fase da campanha de imunização contra a Covid-19. Com os dois grupos, serão avaliadas as duas vacinas em uso. Em Manaus, os trabalhadores da Saúde receberam a CoronaVac, enquanto os idosos, à exceção dos residentes em instituições de longa permanência, receberam a AstraZeneca.

Dos 67 mil trabalhadores cadastrados nos bancos de dados municipais, 54 mil já foram vacinados com a primeira dose e, desses, 6,7 mil receberam a segunda dose, concluindo o esquema de imunização.

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