Durante o período áureo do ciclo da borracha em Manaus (AM), popularmente conhecida à época como Paris dos Trópicos, muitas mercadorias e propagandas vindas da Europa estavam espalhadas pela cidade.
Um grande mercado que se desenvolveu nessa época foi o de remédios e soluções médicas. Na obra “Reclames médicos na Manaus antiga”, do médico e escritor Aristóteles Alencar, também presidente da Academia Amazonense de Letras, é possível encontrar alguns exemplos desse mercado, inclusive inusitados.
A obra relata a história de anúncios de propagandas de medicamentos e alguns produtos destinados à saúde humana no final do Século XIX e começo do Século XX no estado do Amazonas, em especial em Manaus.
Confira algumas dessas doenças e métodos utilizados na época, que estão descritos na obra:
Elixir de Carnaúba Composto
Publicado em estudos do professor Octave Dujartin-Beaumetz (1822-1895), o elixir era apresentado como um grande depurativo do sangue (para ‘purificar’), prometia a cura da sífilis em qualquer período da doença. O produto tinha aprovação da Junta de Higiene do Rio de Janeiro e era comercializado em Manaus.
Clorose, a “doença do amor “
A “Chlorosis”, ou Clorose, é uma doença que deixou de existir, no decorrer do século XX. Era conhecida como doença do amor, que afetava jovens garotas. Essa afecção era conhecida por outros nomes também: febris amatoria ou febre amorosa. Em 1619, recebeu o nome definitivo de Clorose. A palavra origina-se do grego “xeunuo”, (pronuncia-se Chlorós) que significa verde.
Seria a cor de pele das jovens afetadas por essa doença: verde pálido ou amarelo-esverdeada. Essa doença sempre foi um enigma para a medicina. Após o desenvolvimento da hematologia, em meados do século 19, foi considerada como um tipo de anemia hipocrômica.
Tesouro da boca
Com o nome “Tesouro da Boca”, o produto servia para higiene oral e para tratar dor de dente. A marca ED. Pinaud, produziu muitos produtos de higiene como sabonetes e loções para cabelo, produtos muitos consumidos na “Belle Époque”.
Misoginia
Durante anos, as mulheres foram discriminadas como se fossem as culpadas pela transmissão das doenças venéreas, esquecendo-se, propositalmente, o fato de que elas não se contaminavam sozinhas.
O comportamento misógino que perdurou por muitos séculos tratava o homem apenas como vítima das mulheres. É o que poderá ser visto nas propagandas norte-americanas da primeira metade do século XX, sendo a maioria delas destinadas aos homens militares que foram lutar na Segunda Guerra Mundial.
Cintos elétricos
No ano de 1905, as novidades continuam a chegar do estrangeiro, sem nenhum critério científico. Surgem então, os “Cintos Electricos”.
Os Cintos Elétricos do Dr. Rosa, de New-York, anunciados em 11 de janeiro de 1905, prometiam: tornar fortes as pessoas fracas, dá-lhes nova vida, potência e virilidade. Era indicado para “Reumatismo, Dispepsia, Impureza do Sangue e Debilidade Geral”.