As “ambulanchas” são veículos voltados para o atendimento emergencial em comunidades ribeirinhas.
Durante o pico de contágio, a FAS se mobilizou para articular estratégias de combate e de minimização dos impactos do vírus nas comunidades, até se consolidar em uma ação conjunta: a “Aliança dos povos indígenas e populações tradicionais e organizações parceiras do Amazonas para o enfrentamento do coronavírus”, ou simplesmente, “Aliança Covid-Amazonas”. A iniciativa reúne 119 parceiros – entre instituições, governos, empresas, organizações da sociedade civil, universidades e outros.
A questão logística tomou protagonismo depois de considerarem as inúmeras dificuldades de deslocamento nas comunidades, levando em conta não apenas os sinais da natureza, mas a falta de uma infraestrutura e comunicação adequadas. Dentre as várias ações previstas na Aliança, uma delas está ligada ao transporte de emergência. A Embaixada da França tem sido uma das principais parceiras, principalmente em relação às doações das ambulanchas – além de outros produtos voltados à ação de combate ao coronavírus, como equipamentos e aparelhos médicos, kits de higiene, combustível emergencial e canoas com motor rabeta, doadas especialmente para agentes comunitários e indígenas de saúde que atuam na região.
Segundo a Superintendente de Desenvolvimento Sustentável de Comunidades da FAS, Valcléia Solidade, “as ambulanchas têm um papel essencial nesse contexto, porque o acesso é difícil em muitas dessas comunidades e elas precisam de um transporte adequado para que o paciente chegue mais rápido ao centro urbano mais próximo. É também uma estratégia para minimizar os impactos da Covid-19 e atender situações comuns que ocorrem nesses territórios, como partos, picadas de insetos e animais peçonhentos ou até acidentes domésticos”.
O morador da Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) Puranga Conquista, Daniel Araújo, presidente do Fórum Permanente em Defesa das Comunidades Ribeirinhas (FOPEC), afirma que as ambulanchas chegam em boa hora, pois a precariedade da saúde nas comunidades é um retrato da realidade local, mesmo antes da Covid-19. “Quando temos que deslocar um paciente, a gente precisa unir forças, mobilizar a comunidade inteira para tentar um ‘bote’ (canoa) rápido e buscar gasolina de um e de outro para operacionalizar o transporte. Isso muitas vezes sem sinal de celular ou internet. E se não houvesse essa força-tarefa, a pessoa teria que desembolsar em torno de R$ 300 de combustível só para sair da comunidade e chegar a tempo para o atendimento”.