Da Índia para o Brasil: a jornada da juta e da malva no Amazonas

As fibras de juta e malva se tornam sacaria e permeiam a história da produção agrícola do país.

A cultura da juta e, mais tarde, da malva no Amazonas fizeram do Brasil o único país fora da Ásia a fazer concorrência à produção indiana. No auge da produção, em 1960, mais de 60 mil famílias das áreas de várzea dos Estados do Amazonas e Pará viviam da extração das fibras de juta, sem contar as fábricas e prensas que surgiram e outras que se transferiram do Sudeste para o Norte e se instalaram em cidades polos, como Castanhal, Belém e Santarém, no Pará, e Parintins e Manaus, no Amazonas, fazendo o Brasil autossuficiente para importação da fibra.

Foto: Reprodução

Mas você deve estar se questionando para que servem a juta e malva, não é? As fibras dos materiais se tornam sacaria e permeiam a história da produção agrícola do país. 

Da era dos barões do café ao volume exponencial de exportação da produção de grãos, tubérculos e frutas, a fibra natural tem a capacidade de regular a umidade, proteger e conservar a qualidade de produtos como café, cacau, batata, amendoim, tanino, entre outros, além dos não alimentícios.

Atualmente, o Brasil é o maior produtor e exportador de café. E existe uma grande demanda externa por sacaria de fibra vegetal, produto extraído principalmente da juta e da malva, utilizadas para embalar os grãos.

Foto: Reprodução/Fapeam

Chegada ao Amazonas

De acordo com o pesquisador Aldenor da Silva Ferreira, que escreveu o artigo ‘Fios dourados dos trópicos: culturas, histórias, singularidades e possibilidades (juta e malva – Brasil e Índia)’, em 2016, as sementes da juta e malta vieram para a Amazônia da Índia, até então líder mundial na produção de juta bruta e manufaturada. O estudo levou o especialista até o país indiano para conhecer mais sobre o processo de criação da fibra.

Para Aldenor Ferreira, além de estudar sobre a origem da juta no Brasil, outro ponto que motivou a pesquisa na Índia foi a possibilidade do intercâmbio entre os Estados do Amazonas, Pará e Bengala Ocidental (na Índia), no campo da produção de fibras vegetais.

“Na Índia, eles possuem dezenas de instituições de pesquisas que trabalham exclusivamente com a cultura da juta e fibras similares e promovem estudos de melhoramento genético da cultura, além do desenvolvimento de novos produtos feitos a partir de fibras de juta. Isso pode contribuir bastante para as pesquisas sobre o desenvolvimento de juta no Brasil”, afirmou Ferreira.

Produções

Para o cultivo da juta, recomenda-se solos argilo-silicosos de origem aluvial, que caracterizam as várzeas altas e os solos de várzea baixas, onde são depositados os sedimentos trazidos pelos rios de água barrenta. O tereno é preparado de acordo com o tipo de várzea. Os melhores meses para o plantio são de outubro a novembro (várzea alta) e agosto a setembro (várzea baixa).

Já a colheita é feita de maneira manual. Geralmente, utiliza-se a foice ou terçado para liberar as plantas. A partir deste momento, a fibra passa por uma série de processos: afogamento, descorticação, lavagem, secagem, enfardamento, armazenamento e comercialização.

*Com informações da Fapeam

Publicidade
Publicidade

Relacionadas:

Mais acessadas:

Parque do Utinga bate recorde de visitantes em 2024 e projeta ações para a COP30 em Belém

Até o dia 13 de dezembro, mais de 470 mil pessoas passaram pela Unidade de Conservação (UC), superando em 40 mil o total registrado no mesmo período de 2023.

Leia também

Publicidade